O Comitê de Política Monetária (Copom) reitera, na ata da sua última reunião, que as expectativas de inflação continuam acima da meta em todos os horizontes, o que mantém o cenário adverso. No documento, publicado nesta terça-feira, 5, o colegiado reforçou o compromisso com a ancoragem dessas expectativas.

“A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida”, diz a ata do Copom, que no último dia 30 manteve a taxa Selic em 15% ao ano. “Foi ressaltado que ambientes com expectativas desancoradas aumentam o custo de desinflação em termos de atividade.”

O colegiado reconheceu uma queda nas expectativas de inflação para horizontes mais curtos. No entanto, destacou que não houve mudanças relevantes nas projeções para prazos mais longos, ainda que as medidas de inflação implícita tenham caído.

“Na discussão sobre esse tema, a principal conclusão obtida e compartilhada por todos os membros do Comitê foi de que, em um ambiente de expectativas desancoradas, como é o caso do atual, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”, diz a ata.

Falando sobre os dados correntes, o comitê destacou que a inflação vem surpreendendo para baixo, mas continua acima da meta. Os bens industrializados têm arrefecido, e os preços de alimentos mostram uma dinâmica mais fraca que o esperado, diz o colegiado. Mas a inflação de serviços continua acima de um nível compatível com a meta, diante do hiato do produto positivo.

“Para além das variações dos itens, ou mesmo das oscilações de curto prazo, os núcleos de inflação têm se mantido acima do valor compatível com o atingimento da meta há meses, corroborando a interpretação de uma inflação pressionada pela demanda e que requer uma política monetária contracionista por um período bastante prolongado”, afirma o Copom.