10/07/2017 - 19:55
A Polícia Militar divulgou um balanço da operação contra o tráfico de drogas na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio, iniciada ainda de madrugada, por volta das 4h30, com equipes Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Batalhão de Ações com Cães. De acordo com o informe, a Unidade de Engenharia, Transporte e Demolição do Bope derrubou três casamatas usadas pelo tráfico, desobstruiu 12 ruas que não davam passagem para carros, devido à colocação de trilhos de trem nas vias, além de retirar quase 5 toneladas de entulho.
Ainda segundo o balanço da corporação, um homem armado com fuzil morreu no Hospital Municipal Lourenço Jorge após ser baleado em confronto com os militares. Outro, identificado como Felipe, morreu em uma das ruas da comunidade. A PM apreendeu um fuzil automático, duas pistolas e alguma quantidade de maconha, cocaína e crack.
Mais quatro feridos que a polícia alega serem envolvidos com o tráfico de drogas da região foram encaminhados ao mesmo hospital. Dois moradores ficaram feridos por balas perdidas De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, 3.314 crianças ficam sem aula hoje.
A ação teve por finalidade prender a quadrilha que lidera o tráfico de drogas na Cidade de Deus. De acordo com a PM, ficou comprovado que o ponto de incursão era realmente o local de esconderijo dos chefes do tráfico, devido à forte resistência encontrada na entrada das equipes de militares.
Os dois moradores feridos por balas perdidas foram Elydia Roberta de Ramos, 82 anos, que levou um tiro nas costas e está em estado grave, porém estável. O gari comunitário Sebastião Soares de Melo, de 64 anos, foi atingido por um tiro no quadril e está em observação no mesmo hospital, para onde foram levados os outros feridos.
Protesto de moradores
À tarde, os moradores fizeram uma manifestação em protesto contra as mortes e a ação da PM na comunidade. Desde cedo, a Avenida Marechal Salazar Mendes de Moraes e a Avenida Edgar Werneck, que cortam a Cidade de Deus, ficaram interditadas por medida de segurança. Os ônibus urbanos que atendem à região e aos moradores da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes tiveram de mudar o itinerário para evitar depredações. O comércio local também não abriu hoje, devido à ação da PM.
Uma moradora, que não quis se identificar, disse que os militares agiram com truculência e não deixaram que o corpo do rapaz morto na comunidade fosse levado para o Instituto Médico-Legal. Segundo a PM, a medida só poderia ser tomada após a entrada da perícia técnica e do rabecão para retirada do corpo, o que só seria possível após o término da operação, por medida de segurança.