Empresários de diversos setores e convicções queixam-se da falta de lideranças – sejam elas políticas, governamentais ou da própria classe. Estão inquietos com a ausência de diretrizes e, principalmente, com a escassez de representantes que vocalizem seus anseios e respondam a seus questionamentos. Há um grande ponto de interrogação na cabeça desses senhores sobre os rumos da economia, as perspectivas de crescimento e, por tabela, sobre o futuro de seus negócios e do País. A série de sinais trocados, como as mudanças repentinas de regras – mesmo aquelas que vêm para incentivar determinada atividade –, tem causado apreensão e travado os planos de investimento. 

 

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No panorama geral há ramos que estão indo muito bem, obrigado, como o da venda de carros importados, setor agrícola, têxtil e da construção. E outros cujo desempenho deixa a desejar. É o caso da siderurgia, metalurgia, mineração e produção de combustíveis. O que contamina a grande maioria, embora exista essa diferença de cadência de resultado por segmento, é um sentimento de mau humor para com o País. Mesmo quando os motivos não são tão grandes para tanto. É a chamada crise de expectativas que pode se transformar, perigosamente, na profecia autorrealizável de uma crise concreta, levando à quase paralisação da produção. O ex-presidente do BC Chico Lopes atribui parte da culpa por esse clima às análises sempre pessimistas dos arautos que pregam “a cultura do pibinho”, como se praticamente torcessem para que tudo desse errado no Brasil. 

 

Em contraponto à corrente, Lopes recorre a números reais do PIB. Mostra, por exemplo, que, com base no Índice de Atividade do Banco Central, (IBC-Br) a economia interna cresceu 3,97% nos últimos 12 meses. Lopes não está só em sua interpretação. O ex-ministro Delfim Netto disse em artigo no jornal Folha de S.Paulo que é preciso superar o desânimo que assola a economia. Juntos, Chico Lopes, Delfim Netto e outros defensores da boa nova apontam que está mais do que na hora de Dilma e seu time tomarem as rédeas da situação e assumirem, de fato e de direito, a liderança de um processo de retomada que é possível vir. Os instrumentos que podem trazer de volta a calma ao mercado estão nas mãos deles.