11/06/2018 - 17:17
O ex-secretário municipal de obras da gestão do ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), Alexandre Pinto, admitiu ter recebido R$ 600 mil em propina. A confissão foi feita pela primeira vez, em depoimento para a 7ª Vara Federal Criminal, na tarde desta segunda-feira, 11.
Pinto afirmou que as vantagens indevidas foram obtidas durante o seu trabalho na Prefeitura do Rio, mas não quis entrar em detalhes sobre como foi feito. “As denúncias (do Ministério Público Federal) têm fundamento”, disse o engenheiro civil. “Obtive (cerca de R$ 600 mil) de maneira ilícita, através de propina que recebi. Mas preferia não dizer sobre os contratos por orientação da minha advogada”, disse.
O ex-secretário também afirmou que dissimulou o dinheiro em depósitos feitos na conta de sua mãe e na compra de uma sala comercial em nome de seu filho em espécie, mas disse que os seus familiares não sabiam da origem dos valores.
“Meus filhos e minha mãe me pediram para falar toda a verdade. Por isso, estou falando a verdade para a Justiça. É um momento difícil que toda pessoa passa. Não me sinto injustiçado. Estou aqui para confessar os meus erros”, disse o engenheiro civil ao juiz Marcelo Bretas.
Pinto também pediu perdão para a sociedade e disse que foi um “momento de fraqueza”, durante o depoimento. “Tenho que pedir perdão para a sociedade. É difícil, mas é importante que eu peça perdão pelos meus erros. Foi um momento de fraqueza, um momento na vida em que a gente é tentado e, infelizmente, a gente acaba aceitando o que não deve”, afirmou.
É esperado que, nos próximos depoimentos, o ex-secretário de Paes entre em mais detalhes sobre como obteve dinheiro ilícito na Prefeitura do Rio.
Além do crime de lavagem de dinheiro, o engenheiro, que está preso, é acusado pelo MPF de participar de um suposto esquema de desvio de R$ 36 milhões das obras municipais da Transcarioca e de Recuperação Ambiental da Bacia de Jacarepaguá. De acordo com o MPF, parte dos recursos obtidos pelo ex-secretário foi para o exterior “de forma sofisticada”, por meio de empresas offshore operadas por terceiros para o ex-secretário. Um delator do esquema informou que o ex-secretário tem mais de R$ 6 milhões em contas no exterior, valor que será objeto de restituição à Justiça Federal.