Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro voltou a contestar neste domingo –sem apresentar provas– a confiabilidade do atual sistema de votação no país, defender a adoção do voto impresso para as urnas eletrônica e ameaçar a realização das eleições de 2022.

As declarações do presidente foram feitas durante manifestações em capitais brasileiras como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo em defesa de alterações da forma de votação. Bolsonaro não compareceu pessoalmente às manifestações, mas participou remotamente de algumas delas.

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Sem se referir nominalmente ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, contrário à mudança, Bolsonaro avisou que não haverá pleito se não houver eleições limpas e disse que é “mentiroso” quem diz que o atual sistema é seguro e auditável.

“Vocês estão aí, além de clamar pela garantia da nossa liberdade, buscando uma maneira que tenhamos eleições limpas e democráticas no ano que vem. Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição”, disse ele, no vídeo reproduzido da manifestação em frente ao Congresso Nacional, em Brasília.

Não é a primeira vez que Bolsonaro coloca em dúvida a realização das eleições marcadas para o ano que vem, apesar de os presidentes do Senado e Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o próprio vice-presidente da República, Hamilton Mourão, já terem afirmado que não há risco de o pleito não ser realizado.

“Quem fala que ela (urna eletrônica) é auditada e segura, é mentiroso, não tem amor à democracia”, disse. “Não vou entrar em provocações baratas, quero uma forma limpa de eleições”, reforçou.

No discurso da Paulista, Bolsonaro citou que “uma pessoa” quer fazer sua vontade, mas destacou que a “vontade do povo tem que prevalecer”.

A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera o sistema de votação deve votar a matéria nesta semana. A tendência antes do recesso parlamentar era de que a PEC fosse rejeitada já na comissão.

Em baixa nas pesquisas para a reeleição de 2022 e acossado por críticas e investigações em razão do enfrentamento da CPI da Covid, Bolsonaro tem elevado o tom em relação ao sistema de votação pelo qual ele próprio se elegeu por várias deputado federal e, em 2018, presidente.

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