16/06/2022 - 10:07
Prédios destruídos, um carro crivado de balas e a pichação “Make Europe Not War”: Emmanuel Macron, Olaf Scholz e Mario Draghi captaram nesta quinta-feira (16) toda a “barbárie” da guerra na Ucrânia e seu corolário, os crimes de guerra russos.
Em sua primeira visita à Ucrânia desde o início da invasão russa, o presidente francês, o chanceler alemão e o chefe do governo italiano, que chegaram de trem a partir de Kiev, rumaram para a cidade de Irpin. O presidente romeno Klaus Iohannis, que viajou separadamente, juntou-se a eles na capital ucraniana.
Depois de cerca de vinte quilômetros de estrada, uma imagem familiar e arrepiante os esperava, a da ponte Irpin, com seus pilares desmoronados.
Nos primeiros dias da guerra, centenas de moradores fugiram do avanço das forças russas, esgueirando-se em tábuas improvisadas nas ruínas desta ponte.
– “Vamos reconstruir tudo” –
Na entrada da cidade, prédios carbonizados e destruídos até onde a vista alcança.
Neste 113º dia de guerra, os quatro dirigentes europeus iniciarm a visita acompanhados pelo ministro ucraniano da Descentralização, Oleksiï Tchernychov, que lhes falou da determinação de reconstruir o mais rapidamente possível a cidade e do regresso dos habitantes.
“Foi aqui que os ucranianos pararam o exército russo que avançava para Kiev”, resumiu Emmanuel Macron. “Carrega as marcas, os estigmas da barbárie”, “os primeiros traços de crimes de guerra”, disse.
Seu guia os conduziu a um prédio, onde mostrou um vídeo de Irpin “antes”, depois uma série de fotos descrevendo o horror: interiores de prédios em ruínas, um banhista abandonado cujo olhar parece congelado no vazio…
“Vamos reconstruir tudo”, prometeu Mario Draghi. “Os crimes de guerra devem ser julgados”, acrescentou Macron.
Na parede de um prédio um desenho simboliza a Europa com, em inglês e ucraniano, o slogan: “Make Europe, Not War” (Faça Europa, não faça guerra).
O presidente francês pareceu quase surpreso com esta mensagem que resume bem o propósito da visita dos quatro líderes: garantir a Ucrânia na Europa, sem esperar pelo fim do conflito com a Rússia.
“É a mensagem certa”, disse Macron em inglês. “É muito emocionante ver isso”, acrescentou o chefe de Estado, já que a União Europeia deve decidir na próxima semana se concederá à Ucrânia o status de candidato oficial à União Europeia.
A partir de sexta-feira, a Comissão Europeia deve dar o seu parecer, um primeiro sinal importante antes da cúpula europeia marcada para 23 e 24 de junho.
O guia do quarteto europeu os levou então a um carro com portas crivadas de balas. “Eles atacaram deliberadamente os passageiros dentro, embora não houvesse nenhum homem entre eles”, disse o ministro Chernychov, referindo-se a centenas de casos semelhantes.
No final da visita, embarcaram de volta para o centro de Kiev, com destino ao Palácio Marinsky, onde os esperava Volodymyr Zelensky.
Um aperto de mão e os líderes desapareceram para discussões longe das câmeras, onde a questão da adesão à União Europeia será central.
Os líderes das três principais economias europeias já haviam sido recepcionados pelo presidente ucraniano na noite anterior, em uma atmosfera digna de uma mini-cúpula diplomática.
Sentados ao redor de uma mesa, os três homens discutiram por quase duas horas, até tarde da noite.
Olaf Scholz aproveitou a viagem para conversar com alguns jornalistas alemães.
Sob pressão por não entregar armas suficientes a Kiev, o chanceler alemão disse estar pronto para apoiar a Ucrânia, inclusive com armas, “o tempo que for preciso”, segundo o jornal Bild.