Por Ezgi Erkoyun

ISTAMBUL (Reuters) – Eren Can ficou em silêncio enquanto acendia uma vela e a colocava no parapeito da janela de sua casa, no centro de Istambul, para marcar o luto pelas vítimas dos terremotos que atingiram o sul da Turquia no mês passado. Entre os mortos estão os pais dele.

Depois de voltar da cidade de Antáquia, no sul, onde ele e seus parentes vasculharam os escombros de sua casa de infância, Can decidiu lançar uma iniciativa para acender velas por meio de postagens nas redes sociais, buscando honrar a memória das mais de 46.000 pessoas que morreram na Turquia.

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“Não há como descrever ou nada que possa aliviar minha dor, mas pensamos que o crescimento de tal movimento pelo menos se transformaria em algo que nós, como sociedade, podemos usar para curar nossas feridas, aliviar nossa dor juntos e evoluir a nossa dor comum para um futuro melhor”, disse Can.

“A vela é uma metáfora aqui, um símbolo da transição da escuridão para a luz. Acho que precisamos disso como país”, acrescentou Can.

Em um parque próximo no distrito de Kadikoy, em Istambul, cerca de 100 pessoas, incluindo muitos amigos e conhecidos de Can, se reuniram e acenderam velas em uma vigília silenciosa, colocando cartões no chão com os nomes de 11 cidades afetadas pelos terremotos.

Nevruz Tugce Ozcelik, participante da vigília, disse que ninguém foi capaz de guarda o luto, devido à urgência dos esforços de resgate, distribuição de auxílio, tremores secundários constantes e milhões de pessoas desabrigadas.

Ozcelik, uma voluntária de busca e resgate de 34 anos que ajudou equipes a procurar sobreviventes nas províncias de Gaziantep e Hatay, disse que a ideia era simplesmente manter viva a memória das pessoas.

“Esta dor será nosso legado histórico. Depois de 6 de fevereiro, nenhum de nós poderá continuar nossas vidas como antes”, disse ela.

(Reportagem de Ezgi Erkoyun)

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