Enquanto a bolsa de valores brasileira aproxima-se de três anos sem nenhuma abertura de capital, Gilson Finkelsztain, CEO da B3, defendeu que o mercado financeiro ainda vive um bom momento por conta da consolidação de outros segmentos como o de papéis de dívidas.

Para o executivo, o momento de baixas nos IPOs foi propício para que outros ativos para além das ações ganhassem espaço. A última abertura de capital registrada na B3 foi em em setembro de 2021, pela empresa de insumos e tecnologia para agricultura Vittia.

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O mercado de dívidas abrange diferentes títulos negociados por empresas na B3, como debêntures, certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) e certificados de recebíveis imobiliários (CRIs).

“A gente fica apaixonado pelo mercado de equities e fica frustrado com poucos IPOs, que é um fenômeno global”, disse. “A gente tem chance de bater recorde, passar de 500 bilhões de reais é um número que parece alcançável”, afirmou. “Eu estou muito animado com o mercado de dívidas e acho que vamos ter anos muito próximos no futuro.”

A B3 informa que o atual recorde foi em 2022 com R$ 445 bilhões. Esse ano já foram emitidos R$358 bilhões.

As falas ocorreram durante painel promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças.  “A gente perdeu várias oportunidades ao longo dos últimos 15 anos de desenvolver esse mercado, e a gente não pode perder mais esta oportunidade”, concluiu.

O que explica o jejum de IPOs

O executivo também aproveitou a oportunidade para destacar a privatização da Sabesp como o grande destaque entre as operações no mercado de ações. “Não é fácil você captar R$ 100 bilhões para universalização de água e esgoto.”

Quanto à ausência de IPOs, Finkelsztain destacou que se trata de um fenômeno global e enumerou fatores que estão pressionando a baixa: a inflação e os juros altos em várias partes do mundo, guerras e diferentes eleições. “Mercado de equities combina pouco com incertezas e entramos em 2024 com muitas incertezas”, disse.

Participante do mesmo painel, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, também afirmou que as ações sofrem muitas pressões, mas defendeu que o Brasil já tem estrutura para quando houver uma melhora de cenário.

“A gente tem registrada na CVM 700 companhias abertas, em paralelo a gente tem listada na B3 em torno de 430”, disse Nascimento. “Está diferença expressiva revela um bocado de coisas, e a primeira é que tem um monte de companhias esperando uma oportunidade de mercado.”