21/07/2025 - 6:52
Região recebeu ordens de evacuação, forçando mais de 50 mil palestinos a se deslocarem. Quase 90% do território está sob ordens de evacuação ou foi transformado em zona militarizada.O governo israelense emitiu uma ordem de evacuação para uma região no centro da Faixa de Gaza, neste domingo (20/07) expandindo suas atividades militares para uma área do território palestino por onde as Forças de Defesa de Israel ainda não haviam marchado.
Em uma publicação no X, um porta-voz militar israelense exigiu que os palestinos abrigados em Deir al-Balah deixassem imediatamente a região.
“As Forças de Defesa estão trabalhando com grande vigor para destruir as capacidades inimigas e a infraestrutura terrorista na área, expandindo suas atividades em uma área onde nunca operaram antes”, disse Avichay Adraee em uma publicação no X.
Segundo o jornal israelense Times of Israel, Deir al-Balah é uma das poucas regiões em Gaza que se mantinha majoritariamente segura durante a guerra, devido à baixa intensidade de operações militares. Isso levou milhares de palestinos deslocados a se abrigarem na região.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), o novo avanço da ofensiva terrestre israelense afeta entre 50 mil e 80 mil pessoas que agora deverão deixar Deir al-Balah. A medida eleva para 87,8% a área de Gaza que está sob ordens de evacuação ou foi transformada em zonas militarizadas.
“Isso deixa 2,1 milhões de civis espremidos em uma área fragmentada de 12% da Faixa, onde os serviços essenciais entraram em colapso”, afirmou o OCHA.
Segundo a agência, seus funcionários permanecerão em Deir al-Balah. “Esses locais, assim como todos os locais civis, devem ser protegidos, independentemente de ordens de deslocamento.”, disse.
“A ordem de deslocamento em massa emitida pelo exército israelense representa mais um golpe devastador para as já frágeis linhas de apoio que mantêm as pessoas vivas em toda a Faixa de Gaza”, continuou a OCHA, reforçando que a ordem vai limitar a capacidade de atuação da ONU e “estrangular o acesso humanitário justamente quando ele é mais necessário”.
O plano de concentrar palestinos no sul
A expansão militar em Deir al-Balah faz parte de um projeto maior anunciado pelo governo israelense de confinar milhares de palestinos em uma faixa fechada no sul de Gaza e forçar uma evacuação “voluntária”.
Segundo o plano anunciado no início de julho pelo ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, o objetivo seria levar toda a população palestina para Rafah, no sul do território, confinando-a em uma “cidade humanitária”, sem a possibilidade de se retornar ao norte de Gaza.
O movimento é tomado por críticos como uma etapa para uma futura tentativa de expulsão em massa da população, ecoando o projeto do presidente dos EUA, Donald Trump, de remover palestinos a outros países e transformar Gaza em uma Riviera. Especialistas alertam que a estratégia de deslocamento forçado é proibida pelo direito internacional.
Familiares de reféns pressionam governo
Segundo a Reuters, a nova área visada pelo Exército israelense havia sido poupada até então porque os militares suspeitam que o Hamas esteja mantendo ali os últimos reféns que restaram do ataque de 7 de outubro de 2023.
Dos 251 reféns capturados naquela ocasião, 49 ainda estão sendo mantidos em Gaza, incluindo 27 que, segundo o exército israelense, já estão mortos.
Familiares de reféns dizem temer que a ampliação da ofensiva israelense para Deir al-Balah possa colocar em risco a vida de seus entes queridos. O grupo palestino Hamas prometeu executar reféns caso as forças israelenses se aproximassem do local.
Delegações de Israel e do Hamas passaram as últimas duas semanas em negociações indiretas por um cessar-fogo de 60 dias em Gaza e pela libertação de 10 reféns vivos, o que ainda não surtiu efeito.
Famílias se reuniram neste sábado em Tel Aviv para pedir ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e a Trump que garantam o retorno dos cativos e acabem com a guerra.
Em um comunicado conjunto, eles pediram que as autoridades israelenses “expliquem urgentemente aos cidadãos israelenses e às famílias qual é o plano de combate e como exatamente ele protege os sequestrados que ainda estão em Gaza”.
gq/ra (AFP, Reuters, EFE, ots)