29/02/2024 - 7:30
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a Vale “não pode pensar que é dona do Brasil” e que “as empresas brasileiras precisam estar de acordo com o entendimento de desenvolvimento do governo brasileiro”. As críticas do presidente sugerem que o governo ainda tenta interferir na escolha do presidente da companhia.
Com a fala de Lula, as ações da Vale caíram 1,10% na Bolsa – o índice Ibovespa recuou ontem 1,16%, também em razão da queda das ações da Petrobras, após declarações do presidente da empresa, Jean Paul Prates, de que será “conservador na remuneração aos acionistas”.
Como mostrou o Estadão, a ingerência do governo na sucessão da mineradora gerou uma divisão entre os acionistas da companhia, que paralisou a decisão sobre quem vai presidir a Vale.
A última reunião do conselho de administração da companhia para discutir o tema, na quinta-feira, 22, foi inconclusiva. Acionistas estrangeiros são os que mais têm resistido às investidas do Planalto, que desde o ano passado manobra para colocar o ex-ministro Guido Mantega no comando da empresa.
“Não é o Brasil que é da Vale, é a Vale que é do Brasil”, disse Lula em entrevista à RedeTV!, nesta quarta, 28, antes de o presidente embarcar para a Caricom, reunião do bloco de países caribenhos, na Guiana.
Na entrevista, Lula foi questionado sobre a sucessão na Vale e a tentativa de emplacar Mantega na presidência da empresa. Disse que não discute o assunto, mas a “questão mineral” do Brasil.
Lula mencionou acidentes causados por unidades da Vale, como o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), e disse que a empresa precisa ter responsabilidade. Em janeiro, Lula já havia criticado a empresa citando o mesmo caso. Na ocasião, ele afirmara que a Vale “nada fez para reparar a destruição causada”. O presidente disse ainda que a empresa tem vendido mais ativos do que minério de ferro. “O potencial do Brasil tem de ser explorado, e a Vale não pode ter monopólio.”
Divisão
Na reunião do conselho semana passada, seis membros, de um total de 13, votaram pela troca do atual presidente, Eduardo Bartolomeo. O grupo inclui representantes da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB, por meio do qual o governo exerce influência na empresa; da Bradespar, o braço de investimentos do Bradesco; o representante dos funcionários na companhia e minoritários brasileiros. Na outra ponta, ficaram os sócios estrangeiros e independentes, que tentam evitar maior influência do governo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.