Aprovação de proposta de rejeição de imigrantes na fronteira alemã constitui rompimento histórico do chamado “cordão sanitário”, por ocorrer com apoio de parlamentares da ultradireita..Uma moção pela rejeição de mais imigrantes nas fronteiras da Alemanha foi aprovada nesta quarta-feira (29/01) pelo Bundestag, o Parlamento alemão. A aprovação do texto representa a quebra de um tabu histórico, por ter sido obtida com ajuda de votos da legenda de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD).

A proposta não precisa ser acatada pelo governo.

Isso ocorreu semanas antes das eleições na Alemanha, em meio a um debate acalorado sobre imigração, inflamado por um ataque letal a faca.

O texto foi apresentado pelo bloco conservador formado pela União Democrata Cristã (CDU), juntamente com o partido-irmão União Social Cristã (CSU) – que formam uma bancada parlamentar única.

Uma segunda moção também apresentada pelo bloco, com propostas de reforma abrangente para uma política de migração restritiva e poderes adicionais para as autoridades de segurança, não recebeu maioria.

A votação foi polêmica porque o líder da oposição da CDU, Friedrich Merz, amplamente esperado para ser o próximo chanceler após as eleições de 23 de fevereiro, disse que levaria o texto a votação dos parlamentares disposto a aceitar o apoio do AfD para que seus planos fossem aprovados.

Todos os principais partidos já haviam dito anteriormente que não trabalhariam com a AfD, isolando a ultradireita através de um chamado “cordão sanitário”.

A primeira moção recebeu 348 votos a favor, 345 contra e 10 abstenções.

Durante um debate que antecedeu a votação, os legisladores do bloco conservador CDU/CSU, do Partido Liberal (FDP) e da AfD, assim como alguns legisladores independentes se manifestaram a favor da proposta.

Ataques acirraram debates sobre imigração

O populista BSW anunciou que se absteria. O Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler federal alemão, Olaf Scholz; o Partido Verde e os socialistas da sigla A Esquerda foram contra.

A segunda moção propondo reformas de longo alcance recebeu 190 votos a favor, 509 contra e três abstenções.

Durante o debate parlamentar antes da votação, Olaf Scholz criticou Merz como um “apostador”, em quem não se pode confiar para se tornar o próximo líder alemão.

Merz vem exigindo controles migratórios mais rígidos após umasérie de ataques realizados por pessoas com histórico de migração.

Na semana passada, duas pessoas foram mortas na cidade de Aschaffenburg, no sul do país, por um suspeito afegão cujo pedido de permanência na Alemanha havia sido rejeitado, mas que ainda não havia sido repatriado.

md (DPA, ots)