Excluindo o trecho em que citou a reforma da Previdência, o presidente Michel Temer fez pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, na noite desta sexta-feira, 16, repetindo o discurso usado à tarde na cerimônia de assinatura do decreto de intervenção na segurança do Rio. Na fala gravada, o presidente reforçou que a segurança pública deve ser a nova bandeira de seu governo.

A última vez que Temer havia convocado rede nacional foi no Natal, quando fez justamente um apelo pela reforma. “Venho até você para fazer uma importante comunicação. Você sabe que o crime organizado quase tomou conta do Estado do Rio de Janeiro. É uma metástase que se espalha pelo País e ameaça a tranquilidade de nosso povo. Por isso, decretei hoje intervenção federal na Segurança Pública no Rio de Janeiro. Tomo medida extrema porque assim exigiram as circunstâncias”, disse o presidente.

Temer voltou a dizer que o “governo dará respostas duras, firmes e adotará todas as providências necessárias para derrotar o crime organizado e as quadrilhas”. “Não aceitaremos mais passivamente a morte de inocentes. É intolerável que estejamos enterrando pais e mães de família, trabalhadores honestos, policiais, jovens e crianças”, destacou.

O presidente disse, ainda, que “estamos vendo bairros inteiros sitiados, escolas sob a mira de fuzis, avenidas transformadas em trincheiras. Não vamos mais aceitar que matem nosso presente, nem continuem a assassinar nosso futuro”.

Assim como fez na cerimônia mais cedo no Planalto, em que exaltou que a medida tomada foi tomada em comum acordo com outras autoridades, Temer destacou no pronunciamento que a intervenção foi construída em diálogo com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB).

“Nomeei interventor o Comandante Militar do Leste (CML), general Walter Souza Braga Netto, que terá poderes para restaurar a tranquilidade do povo. As polícias e as Forças Armadas estarão nas ruas, avenidas, comunidades. Unidos, derrotaremos aqueles que sequestram a tranquilidade do povo em nossas cidades.”

“Nossos presídios não serão mais escritórios de bandidos, nem nossas praças continuarão a ser salões de festa do crime organizado. Nossas estradas devem ser rota segura para motoristas honestos, não vias de transportes de drogas ou roubo de cargas”, completou.

O presidente afirmou que a “desordem é a pior das guerras” e que agora o governo começou uma batalha “cujo caminho é o sucesso”. “E contamos com todos os homens e mulheres de bem ao nosso lado, apoiando, sendo vigilantes e parceiros nessa luta.”

Mostrando que o discurso terá uma nova linha, Temer reafirmou que seu governo “resgatou o progresso e retirou o país da pior recessão de nossa história”. “É hora de restabelecer a ordem. E a manutenção da ordem foi o fundamento constitucional para a intervenção, tal como prescreve o Artigo 34 da Constituição Federal. Unidos, traremos segurança para o povo brasileiro”, disse Temer, que além de agradecer pela atenção, finalizou a mensagem com a expressão: “Que deus nos abençoe”

Previdência de fora

No discurso feito hoje na cerimônia no Palácio do Planalto, Temer disse que, apesar da intervenção barrar que medidas como a reforma da Previdência sejam aprovadas, a matéria não sairia da pauta. Apesar disso, o trecho usado na fala de Temer a jornalistas mais cedo foi tirado do pronunciamento em rede nacional de rádio e TV.

“Eu registro que ajustamos ontem à noite, com uma participação muito expressiva do presidente Rodrigo Maia e do presidente Eunício Oliveira, a continuidade da tramitação da reforma da Previdência, que é uma medida também extremamente importante para o futuro do País”, disse no evento do Planalto, com a presença dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Congresso, senador Eunício Oliveira (MDB-CE).

“Quando ela estiver para ser votada, e naturalmente segundo a avaliação das Casas Legislativas, eu farei cessar a intervenção. No instante que se verifique, segundo os critérios das Casas Legislativas, que há condições para a votação, reitero, eu farei cessar a intervenção”, completou. Na TV, no entanto, Temer – que vinha dizendo que o esforço pela Previdência seria justamente convencer a população da importância do tema – a reforma da Previdência foi “esquecida”.