17/03/2015 - 0:00
A imagem do governo nas redes sociais vai de mal a pior. Basta ter espiado o Facebook e o Twitter nos últimos dias para perceber. Alguns números, no entanto, ajudam a dimensionar o tamanho do estrago na reputação.
Um monitoramento feito com exclusividade para o blog pela A2C, agência digital especializada em estratégias e monitoramento de redes sociais, registra que houve mais de mais um milhão de menções – 1.086.784 para ser exato – relacionadas ao governo entre os dias 10 e 16 de março. Desse total, 92% foram de críticas. É quase a totalidade.
Isso é um sinal evidente de que os discursos repetidos pela presidenta Dilma Rousseff e seus ministros – que culpam a crise internacional pelos problemas da economia interna e dizem que quem protesta são pessoas da oposição e da classe média – não está dando certo.
Reação aos ministros
Exemplo disso aconteceu no domingo à noite, durante a entrevista coletiva dos ministros Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência, e José Eduardo Cardozo, da Justiça.
O monitoramento realizado pela A2C mostra que a quantidade de mensagens relacionadas ao governo naquele dia começou a cair a partir das 16h, conforme os protestos se encerravam, e assim continuou até às 18h. A partir de então a curva se inverte e o volume de mensagens volta a crescer, atingindo o pico às 19h.
O aumento aconteceu por causa da coletiva dos ministros. Era de se esperar que a quantidade de mensagens relacionadas subisse, mas o problema é o teor. As explicações dos ministros irritaram ainda mais as pessoas, como indicam os panelaços em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, assim como a avalanche de críticas nas redes sociais.
“O monitoramento registra que, quando o governo se pronuncia a respeito dos protestos, há uma super reação crítica nas redes sociais. Isso acontece porque o discurso oficial adotado não agrada”, diz Ricardo Almeida, sócio da A2C e especialista em marketing digital. “Em vez de acalmar, as declarações do governo ou de seus representantes alimentam ainda as críticas nas redes sociais”, afirma Almeida.
Se não funciona, não há por que insistir nessa estratégia. Fazer autocrítica e reconhecer os erros seria o primeiro passo para mudar a situação. “Com tantos meios de comunicação ao seu dispor (TV, rádio, Facebook e web, para ficar apenas em alguns exemplos), nada mais natural do que ir a público com mais frequência dar satisfações sobre cada uma de suas medidas, atualizando a sociedade”, diz Almeida. “E com uma linguagem mais óbvia, ‘mostrando serviço’. Não basta mais prometer melhoras: é necessário mostrar que elas estão vindo de fato. É necessário parar de desinformar e passar a informar.”