Para muitos, viajar de avião é um barato. Mas o motivo pelo qual o setor da aviação tende a ampliar bastante os quase 10% da população mundial que costuma voar se deve a uma variante da frase: hoje, viajar de avião é barato. Curiosamente, ao mesmo tempo que ocorre o fenômeno de massificação ? calcula-se que 2007 já começa com 15% do mercado aéreo europeu nas asas de empresas com passagens a baixo preço ?, aumenta a procura pelas regalias e confortos da primeira classe e classe executiva. ?O investimento neste segmento está crescendo porque o consumidor requer diferenciais, como comida e bebida de mais qualidade, conforto e privacidade?, disse à DINHEIRO o vice-presidente de marketing e membro do Conselho da Lufthansa Passage, Thierry Antinori. Sua afirmação é ratificada pela pesquisa feita com dez mil clientes e cujas conclusões levaram a companhia alemã, segunda da Europa, a criar um pacote de serviços que é luxo só. Primeira a oferecer internet banda larga a bordo, a empresa agora remodela os assentos ? com controle remoto nos braços e capazes de virar cama de dois metros ?, oferece terminais exclusivos, jatos privados para conexões, traslados em limusines, e, sim, claro, muita paparicação. O passageiro se sente nas nuvens.

?Existe uma demanda do mercado por serviços premium?, afirma o diretor-geral para a América Latina e Caribe, Peter Fellinger. ?Os clientes querem comodidades especiais, flexibilidade e condições de aproveitar melhor o tempo. Por isso, a empresa vem investindo neste nicho.? É uma aposta oposta à da líder do mercado europeu, a franco-holandesa Air France KLM, que planeja criar uma companhia exclusiva para viagens aéreas de baixo custo. Ambas as empresas voam igualmente alto, mas sem risco de colisão. Os mercados são bem distintos. Embora a venda de bilhetes baratos seja maior, o segmento luxo é menor apenas no número de passageiros: 40% do faturamento das empresas de aviação vem das classes executiva e primeira.

 

O Private Jet (jato privado), a estrela do pacote da Lufthansa, comemora um ano com média de dez reservas por dia e tendência de crescimento, inclusive no Brasil. É alardeado como um produto único no mundo e permite ao cliente praticamente fazer sua rota particular de vôo. Um brasileiro, por exemplo, que quiser ir a Nice, no sul da França, poderá desembarcar em Frankfurt e imediatamente entrar num jato desses até a cidade francesa. Com vantagens: não vai se estressar no transporte de um avião para o outro, já que uma limusine com motorista o estará esperando e ? bingo! ? os procedimentos de imigração e alfândega, que tanto aborrecem o viajante, são exclusivos e rápidos. Pode-se economizar até cinco horas só aí. ?A maior vantagem é a flexibilidade de horários, de escolha de aeroportos e a economia de tempo, evitando fazer o check in como nos vôos regulares?, arremata Fellinger.

Neste vôo, não há distinção de classe porque todo o avião, de no máximo sete lugares, é uma primeira classe. Estirado em um confortável assento ? distante de seu vizinho 120 centímetros ?, o passageiro degusta salmão, bebe seu vinho preferido ou apenas belisca um camembert enquanto trabalha no computador, fala com a família ao telefone, ouve um CD ou assiste a um DVD. Tratamento VIP é bom e tem preço à altura. Os valores variam de acordo com a distância. De Munique para Lugano (Suíça), pagam-se 4.550 euros. Saindo de onde for, esse feliz brasileiro chegará ao aeroporto internacional de Frankfurt e poderá desfrutar do Terminal Primeira Classe da empresa, que ocupa uma área de 1.800 metros quadrados, com banheiros equipados com banheiras e chuveiro, salas de repouso, escritórios individuais, etc. É um mundo à parte onde a máxima número 1 dos vôos é totalmente subvertida: jamais mantenha os cintos afivelados, apenas relaxe.