Por Jonathan Saul

LONDRES (Reuters) – O ritmo dos embarques da Ucrânia sob uma iniciativa de grãos apoiada pela ONU vem diminuindo à medida que crescem as preocupações com os navios que ficarão presos se o acordo não for renovado no final deste mês, de acordo com informações de fontes e dados.

A Rússia, que é uma das principais partes envolvidas no acordo, disse que continuará com as conversas, embora Moscou tenha ameaçado deixar a iniciativa em 18 de maio, o que criou mais incerteza para comerciantes e companhias de navegação que tentam planejar com antecedência.

Sob o acordo, a Ucrânia tem exportado cerca de 29,5 milhões de toneladas de produtos agrícolas, incluindo 14,9 milhões de toneladas de milho e 8,1 milhões de toneladas de trigo.

No entanto, o número de navios que chegam para pegar cargas caiu esta semana para dois navios por dia, contra uma média diária de três a quatro navios nas últimas três semanas, mostraram dados do centro de coordenação conjunta do acordo.

O grupo marítimo dinamarquês NORDEN, que atua no transporte de grãos, está entre as empresas que não está enviando navios para a região.

“Não estamos participando desse comércio no momento… É uma área de risco –é muito difícil prever o que vai acontecer”, disse o presidente-executivo da NORDEN, Jan Rindbo, à Reuters.

“As coisas podem mudar rapidamente… desde o momento em que você concorda em entrar e pegar uma carga até o momento em que o navio realmente chega.”

Atualmente, cada remessa leva em média pelo menos nove dias, entre navegar para um dos três portos ucranianos envolvidos no pacto e passar pelas inspeções necessárias.

Uma análise feita pela plataforma de dados marítimos e de commodities Shipfix mostrou que o número de pedidos de carga –pedidos globais de navios disponíveis para transportar grãos da Ucrânia– caiu para 355 em abril, de 489 pedidos enviados ao mercado em março.

Atualmente, há 107 pedidos futuros de navios para grãos no mercado, com 94 para maio e apenas alguns pedidos para os próximos meses, mostraram os dados da Shipfix.

Há entre 40 e 60 navios comerciais ainda presos em todos os portos da Ucrânia que não puderam sair devido a restrições rígidas sobre quais embarcações podem deixar o corredor, o que aumentou as preocupações com a retenção de mais ativos se nenhum acordo for alcançado.

O seguro para os navios que chegam tem sido vital, e as apólices de cobertura de guerra precisam ser renovadas a cada sete dias, custando milhares de dólares.

As tarifas se mantiveram estáveis em torno de 1% do valor de um navio por semanas, segundo estimativas do mercado.

Fontes do setor de seguros dizem que, por enquanto, não há mudanças nos acordos de cobertura, embora as condições possam mudar rapidamente.

“Esperamos uma reavaliação significativa do que é cobrado atualmente e da maneira como é subscrito se o acordo do corredor de grãos não for estendido e se houver uma escalada do conflito”, disse uma fonte do setor.

“A incerteza não é boa para ninguém.”

(Por Jonathan Saul)

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