Metalúrgicos da Embraer decretaram greve em São José dos Campos (SP) com demandas como reajuste salarial de 11% e vale-alimentação de R$ 1 mil. Segundo nota publicada pelo SindmetalSJC (Sindicado dos Metalúrgicos de São José dos Campos), a paralisação foi aprovada na manhã desta quarta-feira (17) e seguirá por tempo indeterminado.

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A Embraer nega a paralisação e afirma que “estranhou” a ação do Sindicato, já que as negociações “estão em andamento junto à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP)”. Segundo a empresa, as fábricas operam normalmente e uma ação na unidade Ozires Silva “visa cercear o direito constitucional de ir e vir”. A empresa acusa ainda o Sindicato de não ter avaliado a última proposta, apresentada em 16 de setembro.

O sindicato, por sua vez, afirma que 3 mil trabalhadores da produção paralisaram. A entidade confirma que a proposta do dia 16 foi votada e rejeitada na manhã de hoje, e informa que uma nova proposta já foi feita pela Embraer e será avaliada em assembleia às 15h desta quarta-feira.

A Fiesp disse que “o processo de negociação coletiva com a entidade laboral encontra-se em andamento”.

Reajuste salarial

As informações sobre a proposta de reajuste são conflitantes. Segundo a nota da Embraer, a Fiesp propôs em 16 de setembro um reajuste de 5,5%, valor acima da inflação. Já o Sindicato afirma em seu comunicado que a proposta foi de apenas 5,05%, correspondente à inflação do período (INPC). A reivindicação dos trabalhadores é de 11%.

Vale alimentação

O sindicato exige R$ 1 mil de benefício. Sobre a proposta da empresa, os números também divergem. A entidade afirma que a oferta foi de R$ 420 (o valor atual é de R$ 400). Já a Embraer diz ter proposto um “aumento de 12,5%”, o que elevaria o benefício para R$ 450.

Estabilidade

Os trabalhadores criticam também uma tentativa de “reduzir a estabilidade no emprego para vítimas de doenças e acidentes resultantes do trabalho na fábrica”. Segundo o sindicato, a última convenção coletiva previa estabilidade até a aposentadoria. A Embraer não se manifestou sobre o tema.

Veja as notas da Embraer e do Sindicato

Embraer

As fábricas da Embraer operam normalmente em todo o Brasil.

A Embraer respeita todos os direitos dos colaboradores e estranhou a ação do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos nessa manhã, na unidade Ozires Silva, que visa cercear o direito constitucional de ir e vir, tendo em vista que as negociações da data-base estão em andamento junto à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e o sindicado ainda não apresentou a proposta mais recente aos trabalhadores.

A FIESP, que representa o grupo patronal do setor aeronáutico nas negociações referente à data-base 2025, apresentou ontem, 16 de setembro, uma nova proposta de reajuste salarial de 5,5% (valor acima da inflação do período) e aumento de 12,5% do vale alimentação para colaboradores com salários de até R$ 11 mil.

As negociações no âmbito da FIESP continuam em andamento com todos os sindicatos que representam os colaboradores no Estado de São Paulo.

Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos

A recusa da Embraer em aplicar aumento real aos salários e assinar convenção coletiva com manutenção de direitos levou os metalúrgicos da empresa a entrarem em greve nesta quarta-feira (17). A decisão foi tomada em assembleia, na entrada do primeiro turno da produção da fábrica de São José dos Campos.

Na última rodada de negociação da Campanha Salarial com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que representa a Embraer e o setor aeronáutico, propôs reajuste salarial somente pela inflação (INPC), de 5,05%, enquanto os trabalhadores reivindicam 11%.

A Embraer também quer reduzir a estabilidade no emprego para vítimas de doenças e acidentes resultantes do trabalho na fábrica. A última convenção coletiva, assinada em 2017, previa estabilidade até a aposentadoria. Para voltar a assinar, a empresa impõe como condição a redução da estabilidade para 21 meses (doença) e 60 meses (acidentes).

A pauta de reivindicações também inclui vale-alimentação de R$ 1 mil, mas a empresa propõe apenas R$ 420 – hoje, o valor é de R$ 400.

Os trabalhadores já haviam aprovado aviso de greve no dia 9. Mesmo assim, a Embraer não mudou sua proposta.
A fábrica possui cerca de 12 mil trabalhadores, sendo 6 mil na produção – que ficou 100% parada.

Lucros em alta

A Embraer passa por momentos de alta nos lucros. Somente no primeiro trimestre, foram R$ 657 milhões, o que representa 58% a mais do que o obtido no mesmo período de 2024. As ações da empresa também mostram que não há motivos para a Embraer se recusar a atender as reivindicações dos trabalhadores. Nos últimos seis anos, as ações tiveram valorização de 350%, segundo o próprio presidente da companhia, Francisco Gomes Neto.

“Esta greve mostra o quanto os trabalhadores estão insatisfeitos com a política da Embraer. A fábrica está batendo recordes em lucratividade, receita e carteira de pedidos. Agora é hora de dividir esses resultados com quem está na produção”, afirma o diretor do Sindicato Herbert Claros.