Entre o fim de terça-feira, 5, e a manhã de quarta, 6, o mercado foi surpreendido em meio à temporada de balanços. A Embraer realizou uma correção no seu resultado trimestral referente ao segundo trimestre deste ano, saindo de um prejuízo para um lucro de centenas de milhões.

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A correção no resultado da Embraer fez a companhia sair de um prejuízo líquido ajustado de R$ 53,4 milhões para um lucro líquido ajustado de R$ 675 milhões.

Em comunicado, a companhia justificou a correção destacando que foram erros contábeis, e que os ajustes feitos são referentes ao valor reportado na linha Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos.

“A Embraer ressalta que as demonstrações financeiras do período contidas no ITR Formulário de Informações Trimestrais (ITR) foram publicadas corretamente e não há qualquer ajuste a ser realizado”, diz o documento da fabricante de aeronaves.

A empresa declarou que esse ajuste no resultado do 2T25 não altera outras linhas do balanço e reafirmou compromisso com a ‘transparência e a qualidade das informações prestadas ao mercado’.

Resultado é considerado sólido por analistas e mostra segundo semestre promissor

Analistas, ainda antes da correção contábil, já classificavam o balanço trimestral da companhia como sólido. O Itaú BBA considerou o resultado com um desempenho forte e que supero as projeções da casa, com surpresas positivas principalmente nos segmentos executivo e de defesa.

O EBIT (lucro operacional) superou as estimativas de consenso em quase 60%, impulsionado por uma combinação de preços melhores no setor executivo e margens robustas nas áreas de defesa e aviação executiva.

O EBITDA ajustado foi 22% superior ao esperado (US$ 246 milhões ante previsão de US$ 201 milhões), refletindo alta alavancagem operacional e boa composição de produtos.

“Na teleconferência, a administração indicou que a rentabilidade deve permanecer forte nos próximos trimestres, embora o segundo semestre de 2025 possa concentrar alguns desafios. Mantemos nossa recomendação de compra para as ações EMBR3 e seguimos considerando a empresa como nossa principal escolha do setor”, diz a casa.

Especialistas da XP destacaram que veem ‘com bons olhos o conjunto de resultados’ da empresa, considerado ‘resiliente’ em meio a um período turbulento.

“Vemos a empresa começando a colher os benefícios do nivelamento da produção e da disciplina operacional, estabelecendo um tom positivo para o segundo semestre. Com seu guidance para 2025 reafirmado (contabilizando de forma conservadora os impactos tarifários, mas deixando espaço para upside caso uma isenção seja concedida), esperamos que o momentum positivo da Embraer permaneça no curto prazo, embora continuemos a ver o valuation como uma limitação para um potencial re-rate adicional”, diz a casa.

Olhando para a receita líquida, que foi de US$ 1,8 bilhão no período, a XP destaca que foi um indicador que ficou em linha com as estimativas, representando aumento de 22% na base anual e ‘refletindo notavelmente os melhores números da Aviação Executiva (maiores volumes/mix)’.

“Também observamos a evolução da receita de Defesa, com aumento de +18% na base anual, refletindo positivamente o reconhecimento de receita do Super Tucano”, diz a casa.

A XP tem recomendação neutra para os papéis da empresa, com preço-alvo de R$ 79,80.

Driblando tarifaço

Vale destacar que a companhia teve uma maré de otimismo no mercado por conta das decisões sobre as tarifas de Donald Trump. O republicano deixou de fora, na extensa lista de exceções, aeronaves civis e produtos que integram o portfólio da Embraer, com a alíquota para esses itens permanecendo em apenas 10%.

Com isso, os papéis saltaram mais de 19% na bolsa de valores no acumulado da última semana.

O JPMorgan reiterou otimismo com a empresa, destacando recomendação de compra e sinalizando que as ações da Embraer devem renovar a máxima histórica em breve.

Sobre o resultado em si, a companhia destacou que não houve impactos materiais das tarifas nos números do segundo trimestre de 2025.

Desempenho das ações da Embraer

As ações da Embraer sobem 1,4% no Ibovespa por volta das 12h45. No acumulado do ano, os papéis sobem 37%. Em uma janela mais longa, de 12 meses, a alta registrada é de 107%.