05/08/2025 - 15:55
A Embraer projeta US$ 21 bilhões em importações e US$ 13 bilhões em exportações para os Estados Unidos até 2030. As estimativas resultam em um “superávit significativo” de US$ 8 bilhões para o país norte-americano, afirmou o CEO da fabricante brasileira, Francisco Gomes Neto, durante teleconferência de resultados nesta terça-feira, 5.
Para o executivo, as tarifas seguem preocupando, apesar da isenção das sobretaxas de 40%, anunciadas na semana passada, representarem um avanço relevante. “Ficamos felizes com não atingir os 50% e manter o patamar de 10%, mas estamos confiante com mais progressos nas negociações”, complementou.
Gomes Neto reforçou que a Embraer continuará advogando pelo retorno à tarifa zero. “Os acordos recentes com outros países, principalmente europeus, criaram um precedente positivo”, avaliou, destacando que a companhia segue defendendo o “diálogo construtivo” entre os governos dos EUA e do Brasil.
O CEO da Embraer voltou a falar sobre a relevância das aeronaves brasileiras para o mercado de aviação regional norte-americano, principalmente o modelo E175. Para ilustrar, ressaltou que os negócios da companhia e fornecedores geram 13 mil empregos nos EUA e deverão criar outros 5,5 mil até 2030.
Investimentos
No total, a fabricante projeta investir US$ 1 bilhão nos EUA. Desse montante, US$ 500 milhões virão nos próximos cinco anos para expandir as instalações em Melbourne, na Flórida, e construir um novo MRO em Dallas, no Texas).
Além disso, a Embraer pretende investir mais US$ 500 milhões em uma nova linha de montagem nos EUA e criará mais 2,5 mil empregos caso o governo dos EUA selecione o KC-390.
Empregos
De acordo com a companhia, a cobrança de 10% que passou a vigorar em abril significa um custo de US$ 65 milhões, cerca de R$ 350 milhões. Desse impacto, 20% foram sentidos no primeiro semestre e 80% devem ser percebidos no restante do ano. Esse valor é cobrado de partes de aviões executivos que a Embraer vende à subsidiária da empresa nos Estados Unidos, mas trata-se de um alívio se comparado à taxação de 50% da qual a empresa escapou.
“Voltamos para uma situação mais gerenciável, tanto que já incluímos o impacto das tarifas nas nossas projeções financeiras. Estamos mantendo o nosso guidance [projeção] para o ano, e para atendê-lo temos que entregar todos os aviões que estão planejados. No momento, está completamente fora dos nossos planos qualquer tipo de alteração, redução de quadro por causa de redução de produção”, garantiu Neto.
Em relação aos aviões comerciais vendidos aos Estados Unidos, o custo é pago pela empresa que compra a aeronave, o que acaba encarecendo o produto.
Principal mercado
Os Estados Unidos são o maior mercado de aviação do mundo e absorvem 70% da demanda por jatos executivos da Embraer e 45% de aeronaves comerciais.
O diretor-executivo da companhia aponta a geração de emprego e investimentos nos Estados Unidos como um trunfo para que o governo Trump volte à tarifa zero.
A Embraer emprega quase 3 mil pessoas em solo americano. Incluindo a cadeia de fornecedores locais, o contingente chega a 13 mil. A empresa planeja investir US$ 500 milhões, cerca de R$ 2,8 bilhões, em Dallas, no Texas, e Melbourne, na Flórida, nos próximos 5 anos e contratar mais 5,5 mil funcionários até 2030. As estimativas foram feitas, segundo Neto, em cima de cálculos sem a tarifa de 10%.
O executivo disse que se o governo americano decidir incluir aviões militares como o KC-390 em sua frota aérea, a Embraer projeta mais US$ 500 milhões para uma nova linha de montagem e mais 2,5 mil postos de trabalho.
A empresa ressalta ainda a importância dos seus aviões E175, de até 80 assentos, considerados essenciais para a aviação regional americana.
“Temos boa expectativa que isso venha acontecer”, avalia o diretor-executivo sobre a volta da tarifa zero, enfatizando que a estimativa é de saldo comercial positivo de US$ 8 bilhões para os americanos até 2030. Ou seja, no processo de fabricação de aviões, a Embraer gasta mais com compras nos Estados Unidos do que com vendas para lá.
Resultado
O resultado do segundo trimestre apresentado nesta terça-feira pela Embraer aponta que a empresa entregou 61 aeronaves no período, sendo 19 jatos comerciais, 38 executivos e quatro militares. No mesmo período do ano passado, foram 47.
A companhia trabalha com a estimativa de entrega de 77 a 85 aviões comerciais este ano e de 145 a 155 jatos executivos. A carteira total de pedidos atingiu US$ 29,7 bilhões no segundo trimestre deste ano, a maior já registrada.
A empresa
Fundada em 1969, a Embraer já fabricou mais de 9 mil aviões para mais de 100 países e 60 Forças Armadas. A empresa soma 23 mil funcionários, sendo 18 mil no Brasil, principalmente na sede em São José dos Campos, em São Paulo. Há contingente também nas cidades paulistas de Sorocaba, Botucatu e Gavião Peixoto, além de engenheiros em Florianópolis e Belo Horizonte.
Fora do Brasil e nos Estados Unidos, há uma fábrica em Portugal. Nos últimos anos, a companhia contratou 5 mil pessoas para atender a demanda atual e futura.