01/02/2002 - 8:00
Dois executivos da gigante de telefonia dos EUA, WorldCom, desembarcaram na terça-feira no Rio de Janeiro cercados de problemas. Na sede, as ações da empresa caíram 25% em dois dias, em meio a rumores sobre sua situação financeira. No Brasil, os americanos são os controladores da Embratel e vieram ouvir em primeira mão os resultados financeiros de 2001 que serão divulgados na terça-feira. Os executivos passaram três dias trancados na sede da empresa, no centro do Rio, junto com o presidente da companhia, Jorge Gonzalez. Se depender dos números da empresa, a conversa não deve ter sido nada boa.
egundo analistas, o balanço deve apontar prejuízo de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão. Com tantos problemas, na matriz e na filial, os boatos de que a Embratel estaria à venda voltaram a pegar fogo.
A Embratel não conseguiu acertar a mão desde a privatização, em 1998. Suas ações chegaram a custar US$ 40,00, mas hoje valem dez vezes menos. Parte dessa queda se deve a problemas gerais, como a desvalorização do real e o esfriamento da economia. Mas a Embratel caiu principalmente por falhas próprias. A empresa tem um índice de inadimplência muito alto, entre 8% e 9%, enquanto a média internacional fica entre 3% e 4%. No ranking da Anatel, a agência que regula as telecomunicações, a Embratel é a empresa com maior inadimplência.
Com tantos problemas, o futuro da Embratel está cercado de dúvidas. Este ano, começa uma nova fase na área de telecomunicações. A Embratel poderá fazer ligações locais e empresas como a Telefônica e a Telemar terão o direito a operar serviços de longa distância. Para os analistas, a Embratel deve sair perdendo porque não tem redes locais, enquanto os concorrentes têm acesso a serviços de fibra óptica de longa distância. Além disso, a Embratel não deverá contar com ajuda da matriz, que também enfrenta problemas financeiros. ?A WorldCom segregou os dados da Embratel em seu balanço. Está com todo o jeito que a empresa vai ser vendida?, diz Suzana Salaro, analista da corretora Brascan.