29/10/2010 - 21:00
A reunião de cúpula do G-20, marcada para o início de novembro, é decisiva nesse sentido. Os emergentes acabam de levar uma vitória significativa no âmbito do FMI. Em um acordo histórico, o Fundo estabeleceu um aumento no poder de voto do grupo nas deliberações de financiamento do organismo. A concessão reflete a mudança de poder na economia mundial. E, nesse contexto, Brasil e China foram os que mais saíram ganhando. O porcentual de direito a voto brasileiro dobrou, atingindo 2,32% do total. A fatia das nações em desenvolvimento alcançou a soma de 44,7% e isso significa transferência efetiva do peso das decisões dos países desenvolvidos, que até então praticamente monopolizavam o FMI.
Dividido o papel de monitorar as finanças internacionais, o time dos emergentes parte agora para a maior das batalhas. Eles querem um entendimento imediato que dê fim à crescente guerra cambial. Em negociações preliminares, EUA e China não chegaram a nenhum acordo quanto ao câmbio. Ao contrário.
Os chineses intensificaram ainda mais a sua política de supervalorização da moeda nacional em detrimento do dólar. O FMI ganhou representatividade ao abrir o leque de países influentes nas deliberações de crédito. O G-20 passou a ser o fórum mais adequado – no lugar do G-8 – para o acerto sobre medidas de caráter mundial.
Mas as ordens continuam passando fundamentalmente pelo que querem e pensam os americanos. Eles acusaram os chineses de um “triunfalismo perigoso e alarmante perda de confiança”. Foram além: encaminharam uma proposta aos demais parceiros do G-20 para que estabeleçam limites aos seus saldos internacionais.
Grandes exportadores como o Brasil rechaçam com firmeza a ideia, que, na prática, representa um aumento das importações em contrapartida a uma baixa forçada e artificial de suas exportações.
A sugestão não poderia mesmo ser bem recebida. Por enfrentar no momento um quadro de crescente agravamento de sua dívida pública, os EUA partiram para a apelação. Decerto, o reequilíbrio das finanças internacionais requer concessões de todos os lados. Não apenas para favorecer os EUA. Mas o conjunto das nações que estão escrevendo uma nova história.