25/01/2017 - 8:14
Emílio Odebrecht, 71 anos, ficará por mais dois anos à frente dos negócios da família como presidente do conselho de administração do grupo Odebrecht, mesmo tendo admitido casos de corrupção na empresa e fechado acordo de delação premiada. O tratamento dado a ele será diferente do dado à maior parte dos 77 executivos que fizeram delação e tiveram que deixar a empresa.
A permanência de Emílio no cargo foi negociada com as autoridades, que concordaram que o executivo fique à frente da reestruturação da companhia para enfrentar o período posterior à Operação Lava Jato.
A pena que lhe será imputada começará a contar somente dois anos após a homologação do acordo. Terá então que cumprir dois anos de prisão domiciliar em regime semiaberto, em que precisará estar em casa entre 22h e 6h e durante os fins de semana. Na sequência, cumprirá outros dois anos em um regime aberto domiciliar, em que precisará a se recolher somente durante o fim de semana.
Dessa forma, tendo ainda dois anos antes de começar a cumprir pena, Emílio Odebrecht estará à frente da companhia no período mais crítico de mudança de cultura. Por exigência das autoridades, o grupo terá de fazer uma grande adequação de sua forma de atuação e implantar regras rígidas de conformidade (o chamado compliance, uma espécie de código de ética de conduta).
O Departamento de Justiça americano (DoJ) exigiu que a empresa tenha um monitor externo para verificar a eficiência do compliance da Odebrecht. Esse monitor também será responsável por apontar qualquer caso de corrupção que não tenha sido revelado pela empresa ou pelos executivos que fizeram delação premiada. Ainda não foi definido quem exercerá essa função, mas a empresa será obrigada a oferecer acesso total à sua operação durante três anos. A Braskem, petroquímica do grupo, que fez parte do acordo de leniência nos EUA, sofrerá “vigilância” nos mesmos moldes.
Atualmente, o membro do conselho de administração Sérgio Foguel, que tem 40 anos de Odebrecht, é o responsável por coordenar o programa de compliance do grupo.
A expectativa é que o conselho de administração da Odebrecht só mude com a saída de Emílio daqui dois anos. Com Marcelo Odebrecht impedido de exercer qualquer cargo na empresa e sem nenhum outro membro da família que tenha sido preparado para assumir os negócios, a tendência é que, após esse período de transição, a família determine a escolha de profissionais do mercado para o comando, segundo fontes próximas à família. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.