14/05/2019 - 9:02
O governo dos Emirados Árabes Unidos anunciou uma investigação sobre a “sabotagem deliberada” de três petroleiros e um cargueiro no Golfo, um incidente que aumentou a tensão entre Estados Unidos e Irã na região.
No domingo, dois petroleiros sauditas, um norueguês e um cargueiros dos EAU foram objetos de “atos de sabotagem na costa do emirado de Fuyaira, anunciou o governo, sem revelar detalhes, apenas que os ataques não deixaram vítimas e os navios não afundaram.
Os Emirados e a Arábia Saudita são grandes aliados do governo dos Estados Unidos e protagonizam há meses uma crise diplomática com o Irã, seja pelo programa nuclear ou pelo que consideram “ações destabilizadoras” de Teerã no Oriente Médio.
Analistas apontaram que se a responsabilidade iraniana for confirmada nos incidentes de domingo, esta poderia ser uma advertência do país à decisão dos Estados Unidos de reforçar sua presença militar na região.
“Em um contexto de aumento da tensão regional, as operações iranianas limitadas contra Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita poderiam ter o objetivo de dissuadir Abu Dhabi e Riad e indicar que uma guerra com o Irã não limitaria ao território iraniano”, opina Alex Vatanka, do Middle East Institute, com sede em Washington.
“Se realmente aconteceu uma tentativa deliberada de danificar estes petroleiros, então poderia ser uma advertência do Irã sobre consequências de uma ação militar contra alvos iranianos em qualquer lugar da região”, declarou à AFP Neil Patrick, analista que é especializado na questão do Golfo.
O governo do Irã considerou os incidentes “preocupantes e lamentáveis” e pediu uma investigação.
A diplomacia dos Emirados Árabes Unidos prometeu uma investigação profissional sobre os atos.
Ao ser questionado sobre a possível responsabilidade iraniana, o emissário dos Estados Unidos para o país, Brian Hook, disse apenas que as autoridades americanas devem colaborar com a investigação.
Os detalhes sobre o tipo e os autores dos supostos atos de sabotagem são desconhecidos, mas foi possível observar um buraco no petroleiro norueguês “Andrea Victory”. A empresa que fretou o navio, Thome, afirmou que a embarcação foi “atingida por um objeto não determinado”.
Os incidentes aconteceram em um momento de grande tensão entre Estados Unidos e Irã, após as novas sanções americanas contra o país, que respondeu com a suspensão de parte dos compromissos internacionais sobre seu programa nuclear.
Na sexta-feira passada, o Pentágono anunciou o envio à região do Golfo de um navio de guerra – que transportaba veículos anfíbios –, assim como de uma bateria de mísseis Patriot, que serão adicionados ao deslocamento de um porta-aviões e bombardeiros B-52.
O presidente americano Donald Trump afirmou na segunda-feira, em referência ao Irã, que “se fizerem algo, vão sofrer muito”.
O jornal New York Times informou que o secretário interino de Defesa, Patrick Shanahan, apresentou na semana passada um plano que poderia significar o envio de até 120.000 homens ao Oriente Médio em caso de ataque do Irã às forças americanas.
O presidente iraniano Hassan Rohani afirmou na segunda-feira a religiosos sunitas que não se dobrará aos Estados Unidos.
“Se Deus quiser, atravessaremos este período difícil com glória e com a cabeça erguida. O Irã é muito grande para que alguém o intimide”, declarou.
As autoridades europeias estão preocupada e expressaram ao secretário Estado americano, Mike Pompeo, sua preocupação sobre um conflito “por acidente” no Golfo.
“Não queremos uma escalada militar”, disse o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas.
A Espanha anunciou a retirada de uma fragata de combate que acompanhava um porta-aviões americano no Oriente Médio em consequência da crise.
Também nesta terça, duas estações de bombeamento de petróleo foram alvos de um ataque com drones perto da capital saudita Riad, o que forçou a companhia Aramco a paralisar suas operações em um oleoduto.