14/12/2017 - 16:05
De um modo geral, inúmeros serviços demoraram a entrar na rotina dos brasileiros. Quer seja pelo custo elevado ou então pelo fato de serem considerados válidos apenas em ocasiões especiais. Um deles é o de lavanderias, que sempre esteve mais associado a roupas fora do dia a dia: ternos, por exemplo; ou a peças de grande volume, como edredons. Nos últimos anos, no entanto, diversos fatores ajudaram a popularizar este serviço por aqui. A entrada de multinacionais, como a francesa 5àSec, e a consolidação do setor graças a ação de grandes investidores, indicavam que, dificilmente, haveria espaço para novos empreendedores. Bem, não foi essa leitura que o sul-mato-grossense Fernando Martins fez do mercado, no início de 2014.
Graduado em administração de empresas e com experiência na área de franquias de educação, ele resolveu apostar num modelo de negócio que mistura a lógica do clube de assinatura com o preço competitivo. Em linhas gerais são estes fatores que ajudam a definir o sucesso da rede Lava e Leva. “Devemos fechar o ano com uma rede de 330 unidades e faturamento de R$ 48 milhões”, destaca.
A trajetória empresarial e pessoal de Fernando é marcada por “obras do acaso” e pelo “deixa a vida me levar”. Nascido em Três Lagoas (MS), ele enxergou na onda da internet, em 2001, uma oportunidade de ganhar dinheiro ensinando programação e outras habilidades aos frequentadores de uma lan house da cidade. Na época ele trabalhava como professor pela manhã e cursava o mestrado à noite. “Percebi que os cursos estavam rendendo mais do que o faturamento da lan house”, conta. “Foi aí que resolvi sair e montar o meu próprio negócio”.
Em cinco anos, a rede PET Cursos chegou a contar com 300 unidades. Para gerenciar melhor a empresa, ele e a mulher Francieli se mudaram para Curitiba. A rede acabou chamando a atenção do mercado e, em 2012, foi adquirida por um grupo de investidores. “Saí do negócio com recursos suficientes para me aposentar, aos 35 anos, e viver uma vida confortável”, lembra.
A ideia da Lava e Leva surgiu em meio ao MBA na Nova Southeastern University, em Fort Lauderdale, na Flórida, em 2013, quando começou a avaliar novas oportunidades de negócios. O regresso ao Brasil se deu num momento ímpar. De um lado, a crise econômica começava a afetar o padrão de vida de muitas famílias de classe média, fazendo com que muitas mulheres tivessem que voltar à ativa para complementar a renda. De outro, a PEC das Domésticas tornou mais onerosa a contratação deste tipo de mão de obra. Foi aí que ele imaginou um sistema de lavanderia focado no pagamento mensal de pacotes de serviços.
A vantagem, do ponto de vista do investidor, está no reduzido tempo de recuperação do dinheiro gasto na implantação da unidade. O modelo mais básico requer um desembolso de R$ 30 mil, incluindo o aluguel do ponto, a aquisição dos equipamentos e a contratação de duas funcionárias. O tíquete médio mensal é de R$ 300. “O retorno se dá a partir do sexto mês”, destaca.
E isso vale tanto para lojas instaladas em centros maduros, como Rio de Janeiro e São Paulo, quanto para cidades do interior e capitais menos populosas. A franquia de maior sucesso está em Rio Branco, a segunda em João Pessoa e a terceira em Três Lagoas. “Acabamos de abrir uma unidade em Rosana, cidadezinha de 15 mil habitantes no interior de São Paulo, que é um sucesso”.
Apesar de dizer que a taxa de mortalidade do negócio é igual a zero, Fernando destaca que o desempenho de cada investidor depende de inúmeros fatores. “Muitos consideram que ter uma franquia equivale a comprar um emprego. Outros, investem em um negócio não por ser empreendedor, mas por ser um desesperador”, ironiza. Mas e o que fez o professor universitário se tornar empresário? “Sou movido a desafios e acredito num misto de feeling e estudo do mercado”, diz.
Apesar do sucesso obtido até agora, a Lava e Leva vai passar por uma nova prova de fogo. Dessa vez na carreira internacional. Fernando já acertou a abertura de unidades no Paraguai, no Equador e no México. Além disso, estuda propostas vindas de Portugal e de Angola. Em julho, ele embarca para Bogotá como integrante da delegação brasileira que irá participar da 12ª Feira Internacional de Negócios e Franquias (Fanyf, da sigla em espanhol).
Para quem pensou em se aposentar aos 35 anos, até que o sul-mato-grossense radicado em Maringá (PR), anda bem ativo. Todo o trabalho de prospecção de mercado e de gestão da rede é feito com o auxílio de 11 funcionários.