27/08/2022 - 1:00
Como diria o personagem Seu Madruga, do seriado Chaves, “não existe trabalho ruim, o ruim é ter de trabalhar”. Mas e se seu emprego fosse não fazer “nada”? Essa é a função do japonês Shoji Morimoto, de 38 anos, morador de Tóquio, capital do Japão. Como mostra a emissora americana CBS News, ele sempre ouvia da família, de colegas de classe e de trabalho que era um “não faz nada” – o tipo de cara desinteressado que deixa os outros tomarem a iniciativa.
Então, depois de se formar na faculdade e sempre arrumando empregos que o desanimavam, finalmente decidiu em 2018, quando estava desempregado, abrir uma conta no Twitter chamada “Rentaru nan mo shinai hito”, que em japonês significa “alugue um cara que não faz nada” (em tradução livre), e começou a oferecer publicamente seu serviço de acompanhante.
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“Eu me presto a não fazer nada, o que significa que não faço nenhum esforço”, diz Shoji Morimoto à CBS News, enquanto estava sentado em um parque da capital japonesa. Ele costuma agendar até três compromissos por dia. “Eu não começo a conversa. Eu respondo ao bate-papo, e é só isso”, completa.
Ele conta à emissora que recusa pedidos para limpar casas, “ser amigo”, lavar roupa, participar de brincadeiras, visitar casa mal-assombrada e posar nu. Mas aceita ser a plateia de um músico de rua, acompanhar em passeios a lojas e restaurantes e até dividir bolo no aniversário de uma pessoa solitária.
“As pessoas me usam [sic] de maneiras diferentes. Algumas são solitárias. Outras sentem que é uma pena ir a algum lugar [interessante] sozinhas. Elas querem alguém para compartilhar as impressões. O que é incrível é a enorme variedade de personalidades, circunstâncias e situações. Isso me impressiona quase todos os dias”, comenta o “japonês de aluguel” à emissora americana.
O conceito de ser um acompanhante em restaurantes ou viagens de compras não é inédito no Japão, explica a CBS News. Mas Morimoto talvez seja o primeiro a aceitar uma ampla gama de “pedidos” pedindo em troca nada além dos custos envolvidos, como passagem e refeições.
Seguido no Twitter por 250.000 pessoas, ele diz que, após milhares de encontros curiosos, suas experiências são impagáveis. Além disso, já publicou quatro livros, incluindo um mangá, que tratam de casos que ocorreram em seu “trabalho”, como passar algumas horas em um café ou em um passeio com alguém, ou mesmo dar apoio moral a uma cliente que havia pedido divórcio.
Embora a clientela seja predominantemente feminina, Shoji Morimoto revela à emissora que alguns homens costumam contratá-lo simplesmente para terem um estranho que possa lhes ouvir.
O sucesso do “japonês de aluguel” já levou ao surgimento de dezenas de outros. Ele faz questão de dizer que não gosta quando falam que se trata de um “trabalho de verdade”. Nada é mais divertido, diz Morimoto, do que “não fazer nada”.