01/06/2011 - 21:00
Esses senhores da verdade alegam que o Brasil corre risco porque cresceu muito, consumiu muito e agora terá no seu encalço a temida inflação. Registre-se: a saída da meta inflacionária do País deu-se apenas em um mês, na apertada margem de 0,1%. E já recuou. Mas os arautos da má nova não desistem. O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard – amigo do caçador de camareiras, Strauss Kahn, – chegou a dizer na semana passada que o Brasil “está indo bem… até demais!”.
Ironizava a situação, falando em sobreaquecimento. “Nós sabemos por experiência que, quando as coisas vão muito bem, é difícil para as autoridades econômicas apertarem o tempo”, afirma Blanchard. Ele é que parece perder tempo criticando o que vai bem por aqui enquanto o circo está pegando fogo do outro lado do mapa. A tese que senhores como Blanchard não param de abraçar é a de que emergentes como o Brasil não podem, não têm o direito de ir tão bem.
Estripulias de países como Irlanda, Grécia, Portugal e Espanha são até aceitáveis, podem correr soltas – e tais países não precisam de avisos prévios de perigo ou alertas, até que a crise estoure. É o procedimento padrão e preconceituoso do FMI. Fazer vista grossa aos problemas do lado de lá – de onde geralmente sai o diretor-gerente do organismo – e não passar um dia sequer sem reclamar e enxergar ameaças sérias nos mercados emergentes como o Brasil.
A instituição está sugerindo o aperto no cinto de nossa economia por conta do desenvolvimento livre, leve e solto. Esquece de verificar um efeito colateral – de caráter positivo, pode-se dizer – que outros países dariam tudo para experimentar. O Brasil está cravando uma marca recorde de desemprego. Em abril último o índice ficou em meros 6,4%, o menor da série histórica levantada pelo IBGE e bem abaixo da média dramática de 22% praticada em algumas economias europeias.
Foi o aquecimento, naturalmente, que fez girar comércio e indústria e provocou a contratação de mão de obra adicional para dar conta da demanda. No ciclo virtuoso, mais empregos significaram mais salários, maior poder de compra, produção, tudo desaguando no desenvolvimento sustentável. Diante desse cenário, é de se perguntar: o diagnóstico de risco que o sr. Blanchard prega se aplica mesmo ao paciente certo?