A Justiça da Espanha decidiu que um trabalhador teve saúde mental prejudicada por seu emprego como moderador de conteúdo em redes sociais. O funcionário, que trabalhou entre 2018 e 2020, tinha acesso a imagem gráfica de decapitações, por exemplo. Um porta-voz da Meta não quis comentar, dizendo que a empresa “não é parte do caso em questão”.

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A corte, localizada em Barcelona, manteve uma decisão da agência de seguridade social da Espanha e disse que o tratamento psiquiátrico do moderador subcontratado era consequência de seu trabalho, o que significa que ele receberá um valor maior de indenização por afastamento médico.

O moderador trabalhou entre 2018 e 2020 na CCC Barcelona Digital Services, membro da Telus International, que é um dos fornecedores terceirizados da dona do Facebook, a Meta. A Telus anunciou que vai recorrer da decisão.

O trabalhador era obrigado a assistir vídeos que incluíam “automutilação, decapitação de civis assassinados por grupos terroristas, torturas contra pessoas e suicídios”, disse o tribunal.

A CCC entrou com o processo em 2022, para tentar reverter uma decisão da agência de seguridade social, que havia dito que a deterioração da saúde mental do moderador era resultado de seu trabalho. Mas em 12 de janeiro, em decisão acessada pela Reuters, o juiz Jesus Fuertes rejeitou o pedido.

“O trabalhador sofria com uma situação de grande impacto emocional e psicológico em seu trabalho”, escreveu, acrescentando que o afastamento médico, ocorrido em 2019, era “exclusivamente e indubitavelmente” causado pelo seu emprego.

A incapacidade do funcionário de trabalhar ocorreu em virtude de ansiedade severa, incluindo ataques de pânico, isolamento, disfagia (dificuldade de deglutir) e tanatofobia (medo da morte), informava a decisão.

Em 2020, o Facebook fez um acordo com moderadores norte-americanos que sofriam com problemas de saúde mental. No ano passado, um moderador na Alemanha recebeu licença remunerada após ter pedido melhora nas condições de trabalho.

Com Reuters.