07/10/2022 - 14:38
O mercado de trabalho nos Estados Unidos gerou menos vagas que o esperado em setembro, mas continua forte e a taxa de desocupação voltou a baixar, o que gera a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central) mantenha seu curso de aumento dos juros para combater a inflação.
A taxa de desemprego voltou ao nível de 3,5% em setembro, o mesmo de julho e também o mesmo de fevereiro de 2020, antes da pandemia, um mínimo histórico, informou nesta sexta-feira (7) o Departamento de Trabalho. Em agosto havia subido para 3,7%.
Enquanto isso, o número de empregos criados no mês passado ficou em 263.000, contra 315.000 em agosto. Analistas esperavam uma taxa de 3,7% e entre 250.000 e 275.000 postos criados.
O Fed, que aumenta suas taxas para tentar esfriar a economia e reduzir a pressão sobre os preços, tem no mercado de trabalho um de seus parâmetros principais para decidir sobre as taxas de juros. Paradoxalmente, uma certa degradação do mercado de trabalho é desejável em momentos de inflação recorde, para que a pressão sobre os preços diminua.
O presidente Joe Biden fará um discurso sobre a economia às 13h35 locais (14h35 em Brasília) em uma fábrica da Volvo em Hagerstown, Maryland.
Há cerca de um ano, o mercado de trabalho sofre com a escassez de mão de obra. As empresas têm dificuldades para contratar, aumentam os salários para manter seus empregados e, com isso, os preços sobem por maior demanda.
– Sem mudanças para o Fed –
“A demanda de parte dos empregadores segue forte e a disponibilidade melhora do lado dos trabalhadores”, indicou na quarta-feira Nela Richardson, economista-chefe da companhia de serviços ADP, após divulgação da pesquisa mensal sobre empregos no setor privado.
Christopher Waller, um dos governadores do Fed, indicou na quinta-feira que “houve alguma moderação no mercado de trabalho, mas continua tensionado”, por isso o banco central deveria “se concentrar 100% em reduzir a inflação”, ou seja, continuar subindo as taxas de juros para conter a demanda. Juros mais altos encarecem o crédito e, assim, reduzem o consumo e os investimentos.
“A política deve permanecer focada em restabelecer a estabilidade dos preços, o que criará as bases de um mercado de trabalho sólido”, opinou, por sua vez, Lisa Cook, outra governadora do Federal Reserve.
A inflação nos últimos 12 meses registrou queda em agosto, para 8,3%, segundo o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês).
De acordo com outro índice de inflação, o PCE, o preferido do banco central, os preços aumentaram 6,2% em 12 meses.
Os mercados de valores reagiram negativamente diante desses dados de emprego, e a perspectiva de que os fortes aumentos dos juros continuem nos Estados Unidos.