A Domtar Corporation, empresa americana de papel e celulose adquirida pela Paper Excellence, está sofrendo perdas de credibilidade desde que mudou de mãos. No dia em que o negócio foi anunciado, em maio de 2021, as agências de classificação de risco Moody’s e Standard&Poor’s mudaram a perspectiva da nota de crédito da Domtar de neutra para negativa. Desde então, a nota da empresa já foi rebaixada em cinco níveis pela Moody’s e em quatro pela Standard&Poor’s.

A nota de crédito, ou rating, indica a capacidade de uma empresa honrar seus compromissos financeiros. No mais recente movimento, no último dia 22, a Moody’s rebaixou a Domtar de uma só vez em dois degraus, devido a fatores como o maior endividamento para absorver a aquisição de empresas que pertenciam à própria Paper Excellence.

Essas operações não foram bem vistas pela Moody’s, que acredita que sejam exemplos de como “a estrutura de controle da Domtar e a estrutura do grupo é complexa e compreende extensas teias de controle cruzado que acreditamos que possa levar a risco de crédito adicional”.

A falta de clareza na estrutura do grupo indonésio também acendeu o alerta do parlamento do Canadá, depois que a Paper Excellence adquiriu a Resolute Forest. A Comissão de Recursos Naturais convocou o dono da Paper, Jackson Widjaja, para depor sobre a estrutura de controle acionário do grupo. No entanto, as autoridades canadenses não conseguem cumprir a ordem, porque Widjaja não teria mais pisado no país, segundo a CBC, principal veículo de comunicação canadense.

Os problemas de crédito da família Widjaja remontam a 2001, quando a principal empresa da família, a Asia Pulp and Paper, protagonizou o maior calote da história dos mercados emergentes, de US$ 12 bilhões.

No Brasil, a Paper Excellence também enfrenta dificuldades na disputa contra a J&F Investimentos pela Eldorado Celulose, que já perdura desde 2018. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Advocacia Geral da União (AGU) e o Ministério Público Federal (MPF) defendem a nulidade do contrato de compra da Eldorado, porque a Paper Excellence é uma empresa de controle estrangeiro e não obteve a autorização prévia do Congresso Nacional para assumir o controle dos 400 mil hectares de terras sob gestão da Eldorado.