27/01/2017 - 21:01
O empresário mexicano Carlos Slim afirmou que seu país, que enfrenta as políticas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deveria se concentrar no fortalecimento da demanda doméstica, substituindo importações por produtos locais e melhorando os salários.
“Nós temos de fortalecer nosso nacionalismo”, disse Slim, o homem mais rico do mundo, em entrevista coletiva nesta sexta-feira. “O desenvolvimento do setor externo desde os anos 1980 tem sido bom, mas é muito importante fortalecer o desenvolvimento interno por meio de mais investimentos nacionais.”
O setor exportador tem sido o motor do crescimento mexicano há três décadas, mas esse modelo está ameaçado agora que Trump propõe a renegociação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês). O novo líder também enfureceu os mexicanos com planos de construir um muro na fronteira. “O melhor muro são oportunidades, crescimento e emprego no México”, disse Slim.
Segundo estatísticas do governo, o investimento público no México está em seu patamar mais baixo desde os anos 1930 como parcela da economia, enquanto os salários estão estagnados em termos reais desde o início dos anos 1990.
Slim elogiou o fato de que o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, tenha cancelado uma visita aos EUA após Trump reiterar que o México pagará pela proposta dele de construir um muro na fronteira. Os dois presidente falaram por telefone nesta sexta-feira e concordaram em continuar com o diálogo bilateral entre os governos.
O empresário pediu unidade nacional, enquanto descreveu o estado das relações entre México e EUA como o pior em um século. “Nós aprendemos a lição de não estarmos unidos”, disse, referindo-se à perda de metade do território na guerra entre EUA e México em 1846-48.
Caso imponham tarifas na fronteira, Slim disse que os EUA conseguiriam retomar milhares de empregos na indústria, mas os americanos pagariam mais caro pelos produtos.
A incerteza sobre as políticas comerciais de Trump levou o peso mexicano a mínimas históricas nas últimas semanas, para cerca de 21 pesos ante o dólar. “A taxa de câmbio está totalmente artificial. Isso é loucura”, disse Slim. Por outro lado, o empresário mostrou confiança na possibilidade de que o México renegocie com sucesso o Nafta. Fonte: Dow Jones Newswires.