Devido à grande repercussão de sua fala no Instagram sobre mulheres que ocupam cargos de CEO, o empresário Tallis Gomes, sócio de fundador da G4 Educação, foi afastado do conselho da Hope, marca de lingerie que tem público majoritariamente feminino e é presidida por Sandra Chayo.

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Tallis integrava parte do conselho consultivo da companhia. Porém, neste sábado, 21, a Hope emitiu uma nota por meio de um story no Instagram em que afirmou que o empresário foi afastado.

Hope
Reprodução/Instagram

A fala de Gomes também resultou no cancelamento de uma palestra que ele faria nesta segunda-feira, 23, no Instituto Caldeira, um hub de inovação com 43 empresas fundadoras, entre elas Renner, Gerdau e Grupo RBS.

Relembre a polêmica

Tallis Gomes foi questionado por um seguidor no Instagram: “Se sua mulher fosse CEO de uma grande companhia, vocês estariam noivos?” Esta foi a primeira resposta:

“Deus me livre de mulher CEO. Salvo raras exceções, (eu particularmente só conheço 2); essa mulher vai passar por um processo de masculinização que invariavelmente vai colocar meu lar em quarto plano, eu em terceiro plano e os meus filhos em segundo planos.

Na sucessão de textos que veio em seguida, o empresário continuou argumentado, dizendo que uma pessoa na posição de CEO, como ele, passa por muito estresse e pressão e que, fisicamente, o profissional fica muito abalado. “Psicologicamente, você precisa ser muito, mas muito cascudo para suportar”.

Na sequencia, o empresário ainda criticou o feminismo e adotou um discurso sexista. “Homem que tem condição de bancar a sua mulher e não o faz, está perdendo o maior benefício de uma mulher, que é o uso da energia feminina nos lugares certos, lar e família.”

O posicionamento de Tallis viralizou e recebeu diversas críticas, incluindo de Luiza Trajano, que atuou como CEO da rede de lojas Magazine Luiza, atualmente presidente do Conselho de Administração. A empresária postou no Linkedin que não concorda com o posicionamento do fundador da Easy Taxi. A empresa contratou a G4 Educação para um curso, segundo eles, “pontual” para o marketplace.

Ao perceber a repercussão do post, Tallis voltou ao Instagram para fazer uma réplica.

“Minha posição não tem nada a ver com o meu juízo de valor sobre a capacidade ou não de uma mulher ser CEO de uma grande empresa. Eu falei sobre quem eu quero a meu lado como minha mulher. (…) Minha empresa vai fazer R$ 100 milhões de Ebitda esse ano e a minha CFO é uma mulher. Se eu não acreditasse na capacidade de entrega de uma mulher, eu deixaria o caixa da minha empresa na mão de uma?”

Depois, lançou um desafio para os usuários da rede social. Pediu para que encontrassem 1.000 empresas com mais que R$ 100 milhões de Ebitda que tenham uma CFO mulher. “Se você achar, pode me mandar que o primeiro que mandar e comprovar, leva um pix de R$ 100k”, disse.

Como as críticas continuaram, Tallis Gomes voltou às redes, dessa vez para um pedido de desculpas.
“Reconheço que minhas palavras foram mal colocadas e que os termos utilizados não refletiram meus valores pessoais nem os da minha empresa, o G4 Educação. Estou profundamente arrependido e gostaria de reiterar minhas sinceras desculpas a todos que se sentiram ofendidos.”