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CARVALHO (À ESQ.) E GOLBINSKI: eles pretendem fazer com que a Fiorucci tenha 100 lojas e fature R$ 220 milhões em cinco anos

QUANDO O EMPRESÁRIO MOACIR GOLBINSKI, 43 anos, começa a falar, o seu sócio, Nilton Carvalho, 47, interrompe. ?Você esqueceu daquela marca que acabamos de conquistar.? Moacir, então, passa a palavra para Carvalho, que começa a explicar sobre a nova aquisição da empresa e, de repente, Golbinski corta a conversa novamente. ?Nilton, fala também da outra grife que vai estourar.? Apesar de parecer confuso, os dois se entendem desse jeito e falam de marcas como se estivessem discorrendo sobre produtos expostos na gôndola do supermercado.

?É tanta coisa que às vezes a gente esquece?, explica Golbinski. E é difícil mesmo lembrar de tudo diante de um extenso cardápio de grifes que os dois representam. À frente da empresa gaúcha Supermarcas, eles definem os destinos de mais de 30 marcas de renome internacional no Brasil. De Beatles a Marilyn Monroe, de McLaren a Renault F-1, de Chupa Chups a Lambretta, de Goodyear a Jeep, todas elas passam pelas mãos da dupla baseada no Rio Grande do Sul. ?Temos um contrato diferente para cada tipo de marca?, explica Golbinski. ?Em alguns casos, representamos a grife na América Latina e em outros no Brasil?, diz Carvalho. Na prática, eles funcionam como vendedores de marcas, terceirizados pelas multinacionais, em busca de negócios e recebem parte dos royalties. O negócio mais promissor da empresa, entretanto, ganhará vida neste ano, mais precisamente em junho, quando será iniciado o processo de expansão da Fiorucci, grife representada pela dupla na América Latina e que já possui um ponto-de-venda em Foz do Iguaçu. ?Vamos abrir novas lojas no Brasil e na América do Sul?, diz Golbinski.

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Os novos pontos-de-venda da grife italiana, que fez sucesso nas décadas de 70 e 80 ao praticamente inventar uma marca de jeans que vendesse estilo de vida, serão abertos em Belém do Pará, Manaus, Goiânia, e Montevidéu e Punta del Este, ambas no Uruguai, até o fim do primeiro semestre. No segundo semestre, a grife marcará presença, em São Paulo, com a abertura de um espaço batizado de Casa Fiorucci, na rua Oscar Freire, bairro nobre dos Jardins. Atualmente, o local é usado como showroom onde são mostrados os produtos já fabricados no Brasil. O plano é ter 100 franquias, presença em 600 multimarcas e faturar R$ 220 milhões dentro de cinco anos. ?Temos recebido ligações de gente do Brasil inteiro pedindo informações sobre a franquia. É uma marca com grande potencial?, diz Golbinski. A Fiorucci foi, sem dúvida, um ícone de estilo no passado. Mas terá de provar muito mais para conquistar o cliente de luxo novamente. Isso porque, afundada em dívidas no fim dos anos 80, ela perdeu muito do seu brilho até ser comprada pelo grupo japonês Edwin. ?O cliente especial não compra essas marcas sem uma retomada internacional?, diz Carlos Ferreirinha, diretor da MCF Consultoria & Conhecimento. ?A Fiorucci é uma marca que ainda tem um reconhecimento muito grande, mas não é a mesma do passado?, diz Gloria Kalil, que representou a grife no País, na década de 80. Para responder a essa questão, Golbinski usa o exemplo da Calvin Klein, marca americana que fez sucesso nos anos 80, sumiu na década de 90 e voltou com tudo nos últimos anos. Para a Fiorucci, porém, esse retorno triunfal depende essencialmente dos designers baseados em Milão. E, neste caso, a Supermarcas tem pouco a fazer.

Como a empresa apenas representa marcas, os licenciados têm sempre de pedir o aval das matrizes para poder criar um produto diferente. ?Mas, como somos os agentes da marca, podemos fazer essa interface com a matriz?, diz Carvalho. E isso acontece com frequência. Afinal, são vários os rótulos que passam pelas mãos da companhia (acompanhe o quadro). ?É caro para uma empresa ter uma estrutura grande, com presença em todos os países onde atua?, explica Eduardo Tomyia, diretor da BrandAnalytics, consultoria especializada em avaliação de marcas. ?Por isso, muitas multinacionais terceirizam os serviços de licenciamento de marcas.? Além da Fiorucci, outra tacada da empresa no setor de moda acontecerá por meio de uma parceria com a grife paulistana Sergio K. A Supermarcas, que possui os direitos da marca argentina La Dolfina no Brasil, fez a ponte com a empresa de Sergio Kamalakian para trazer a grife ao País. ?Primeiro vou importar as peças da Argentina?, diz Kamalakian, referindo-se à famosa marca de camisas polo que pertence ao jogador argentino Adolfo Cambiasso, conhecido como o Pelé do polo equestre.

?Mas, dependendo da demanda, poderei fabricar no Brasil.? Um dos responsáveis por identificar a grife Sergio K como a parceira ideal para a Supermarcas nesse negócio, o executivo Rubens Panelli, ex-diretor da Daslu Homem e da Paramount Têxteis, aposta na variedade de marcas que a empresa possui como o seu principal trunfo. ?Eles trabalham seriamente e têm grifes para todos os gostos e todos os tipos?, diz Panelli.

As grifes da empresa

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MARILYN MONROE
AMERICAN RETRO MUSEUM
BEVERLY HILLS POLO
BRITISH MOTOR HERITAGE
CHRYSLER
CHUPA CHUPS
EXTREME
FIORUCCI
GOODYEAR
HARVARD UNIVERSITY
JOHN L COOK
JEEP
LAMBRETTA

LAURA ASHLEY
MCLAREN
PEPE JEANS
PIERRE BALMAIN
RENAULT F-1
REBEL TOONS
THE TOON STUDIO
STEIGLEDER

 
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VAN GOGH
THE BEATLES
ROLLING
STONES
PINK FLOYD
AC/DC
TALKING HEADS
THE POLICE
STING