O Chris Anderson estava no Brasil para participar da Campus Party

O Chris Anderson estava no Brasil para participar da Campus Party

O CEO da plataforma de música online Spotify, Daniel Ek, sempre precisa dar conta ao mercado do número de usuários pagos que aderiram ao seu site e quantos o usam gratuitamente.

Um dos grandes desafios da empresa sueca, que lidera o mercado de streaming de músicas, é convencer o consumidor que não paga – e por consequência, tem de ouvir algumas propagandas –  a fazer uma assinatura.

Segundo o criador desse modelo de negócio, conhecido como freemium, o britânico Chris Anderson, isso se deve a uma má interpretação que algumas companhias fazem do conceito.

“É muito fácil entender o freemium errado”, afirmou Anderson, em entrevista durante a Campus Party, que acontece em São Paulo, no qual ele era uma das principais atrações internacionais.

Segundo o ex-editor da publicação de tecnologia americana Wired e hoje CEO da 3D Robotics, que fabrica drones, o modelo de negócio é recompensador, mas ao mesmo tempo ingrato, deixando muitas companhias vítimas de seus erros na hora da aplicação. “Há muitos pontos nos quais ele pode dar errado”, afirma Anderson. “Foi por isso que escrevi o livro”, completou em tom de brincadeira.

O conceito de freemium diz que uma empresa consegue lucrar mais se atrair um número maior de usuários, usando como isca uma versão gratuita de seus serviços. Quando ela conseguir criar a necessidade no cliente, ele iria aderir à versão paga.

Já sua outra teoria famosa, a da cauda longa, vai, segundo Anderson, muito bem, obrigado. O conceito ganhou popularidade recentemente como uma maneira de descrever a estratégia de varejo de se vender também uma grande variedade de itens onde cada um vende pequenas quantidades, ao invés de apenas os poucos itens populares que vendem muito

“O YouTube é a maior prova de que tudo no livro estava correto”, diz Anderson . “As pessoas passam horas no YouTube e estão saindo da frente da tevê.”

Anderson acredita que a democratização da comunicação trazida pela tecnologia vai só acelerar este processo. “Se estivesse escrevendo o livro hoje, focaria só no YouTube”, diz o britânico.

Brasil

Quando perguntado sobre o motivo para o Brasil não ser uma nação com forte traço de inovação e criação, Anderson fez cara de dúvida e disse: “Também não consigo entender isto.”

Anderson afirmou que conhece diversos brasileiros de talento, mas lamenta que essas mentes criativas tenham de sair do País para conquistar sucesso e poder inovar lá fora.

“Acho que um dos motivos é a dificuldade de ter acesso a materiais que possibilitam a criação aqui”, afirma Anderson.

Drones

Hoje, a atenção do britânico está focada nos drones, produto de sua empresa. Ele acredita que a imagem do avião não tripulado, muito ligada ao uso militar, vai mudar em breve. “O drone será usado para coisas corriqueiras.”

Uma das barreiras que os drones enfrentam está na segurança e no seu uso, por exemplo, por terroristas. “Terroristas usam qualquer tecnologia disponível”, afirma Anderson. “Usam bicicletas, carros e até o YouTube. Não podemos proibir tudo.”

Anderson, no entanto, acredita que a solução está na colaboração entre empresas do setor e governo para encontrar a melhor saída para regular os drones. “Podemos ter uma regulação mais branda para pequenos drones”, defende.