O endividamento das famílias brasileiras caiu pela primeira vez desde fevereiro e fechou o mês de julho em 78,5%, uma diminuição de 0,3 ponto percentual (p.p.) na comparação com junho. Apesar da queda, a porcentagem ainda está maior do que no ano passado, quando 78,1% das famílias tinham dívidas.

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), estudo mensal feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

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A principal modalidade de dívida é a o cartão de crédito, com 86% do total de devedores. Em seguida, está o financiamento imobiliário, com 9,1%.

Segundo o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, um endividamento maior não é necessariamente um problema, pois as dívidas podem refletir um maior acesso a recursos e movimentar o comércio. “A preocupação começa quando o consumidor perde a capacidade de pagar as dívidas em dia”, alerta.

Inadimplência

A proporção de famílias que não conseguiram arcar com seus débitos permaneceu estável em relação ao mês anterior, no patamar de 28,8%. Na comparação com 2023, houve uma queda de 0,8 p.p.

Para o economista chefe da CNC, Felipe Tavares, os dados demonstram uma melhora na situação das finanças familiares. Outro dado a apontar esta direção é a média de renda familiar comprometida com dívidas, que caiu pelo quinto mês consecutivo. Em julho, ela chegou a 29,6%.

A inadimplência porém cresceu 0,3 p.p. na faixa de famílias com renda de até três salários mínimos e 0,9 p.p. na de três a cinco salários mínimos, para 36,8% e 27,1% respectivamente.  Nas mesmas faixas, o endividamento caiu 0,3 p.p., para 81%, e 0,5 p.p., para 79,6%.

As projeções do CNC apontam que o dado geral da inadimplência deve aumentar e chegar a 29,5% até o final do ano. O endividamento esperado em dezembro é de 78,4%.

O caso do Rio Grande do Sul

Por conta da tragédia climática, as famílias gaúchas viram um aumento tanto do endividamento como da inadimplência.

As famílias do Rio Grande do Sul endividadas chegam a 91,2%, maior índice desde outubro de 2023. As inadimplentes estão o maior patamar desde janeiro, em 38%.