SÃO PAULO (Reuters) – A Eneva pretende cadastrar projetos comprados junto com a térmica Celse em leilões do governo previstos para o fim de 2022 e 2023, disseram executivos da empresa em teleconferência nesta quinta-feira.

A companhia anunciou na terça-feira um acordo para aquisição da térmica na costa do Sergipe de 1,6 GW de potência por 6,1 bilhões de reais. A transação envolve ainda a compra de um pipeline adicional de 3,2 GW de projetos de expansão da usina.

Segundo o diretor financeiro da Eneva, Marcelo Habibe, boa parte dos projetos para desenvolvimento já tem licenças e acesso à conexão com o sistema, estando habilitados a participar dos leilões de contratação de energia ou potência.

“São mais competitivos do que outros greenfields dentro do Brasil, uma vez que toda a estrutura do terminal e arrendamento do FSRU (unidade de regaseificação) já foi amortizada dentro do PPA (contrato de energia) existente.”

No entanto, os executivos lembraram que os projetos não poderiam, a princípio, participar da contratação obrigatória de 8 GW de térmicas prevista na lei de privatização da Eletrobras, uma vez que Sergipe não foi um dos Estados contemplados.

LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA

Ainda na teleconferência, os executivos destacaram que o novo ativo incorporado ao portfólio da Eneva tem posição geográfica estratégica, por estar próximo tanto de pontos de recebimento de gás, quanto do mercado consumidor “promissor” do Nordeste, o que abre novas oportunidades de comercialização do insumo.

A Celse opera atualmente com gás natural liquefeito (GNL) importado, com fornecimento de longo prazo contratado junto à Ocean LNG, da Qatar Petroleum e ExxonMobil.

A unidade de regaseificação que atende a térmica já tem uma capacidade ociosa de 15 milhões de metros cúbicos por dia que pode ser aproveitada, considerando ainda a proximidade com a infraestrutura de gasodutos da TAG, destacou a Eneva.

Mas a expectativa é que a usina também poderá acessar o gás que começará a ser produzido na Bacia Sergipe-Alagoas (SEAL), a partir de 2026, e tratado numa unidade de processamento adjacente à Celse.

“Através da combinação de GNL importado e gás natural da Bacia do SEAL, a expansão do parque térmico poderá ter acesso competitivo à molécula de gás… Nossos projetos poderão ser âncora para esse gás do SEAL”, disse Habibe.

Ele comentou ainda que a Celse deve gerar um Ebitda de 1,2 bilhão de reais em 2022, o que deve ajudar na desalavancagem do ativo, que entrou em operação em 2020. No ano passado, o Ebitda da térmica atingiu 1,4 bilhão de reais.

POLO BAHIA TERRA

Há ainda potenciais sinergias do novo empreendimento com o Polo Bahia Terra, ativo da Petrobras que Eneva e PetroReconcavo estão em processo de aquisição.

Embora a produção atual de gás no Recôncavo Bahiano não seja tão relevante, a expectativa é de aumento no futuro, segundo a Eneva.

(Por Letícia Fucuchima)

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