13/04/2017 - 12:05
O sonho de muitos engenheiros civis foi realizado por Daniela Miguel aos 23 anos. Recém-saída da faculdade, ela já era o braço direito do diretor operacional de uma grande construtora, sendo responsável por coordenar remotamente obras em todo o País. Olhando de fora, a vida da moça parecia tomar rumo promissor, mas, a cada dia, era mais difícil manter a rotina batalhada durante os cinco anos de graduação. O motivo eram as intensas dores de cabeças e náuseas que a acompanhavam desde os 6 anos, embora tenha sido diagnosticada com enxaqueca apenas aos 18 anos.
“Fui ao fundo do poço em 2001. A situação se tornou tão insustentável que cheguei a bater a cabeça contra a parede por não aguentar mais. Era incapacitante. Às vezes não conseguia abrir os olhos ou tomar banho, dependia dos outros para coisas fundamentais”, relembra ela, que chegou a tomar 16 comprimidos de analgésicos por dia e passou por tratamentos que a fizeram engordar dez quilos em um mês.
“Tentei de tudo. Em uma consulta, após assinar um cheque de R$ 400, o médico me perguntou: ‘Por que você acha que tem enxaqueca?’. Fiquei irada. Ele não se importava comigo, não acredita no que eu descrevia, me via como louca. Até gente da minha família não entendia o que eu passava”, relata.
Daniela começou uma nova vida quando um médico sugeriu que ela mudasse hábitos, da alimentação ao uso de anticoncepcionais. Foram cinco anos de altos e baixos. Hoje, aos 40 anos, 16 quilos a menos e um ritmo diário menos estressante, ela relata ter diminuído das cerca de 25 crises mensais para quatro por ano. “Nem chamo as de agora de enxaqueca porque são leves em relação ao que já tive. Tomo um comprimido ou um chá e consigo trabalhar normalmente”, afirma ela, que pratica caminhada e ioga com regularidade e não consome mais alimentos industrializados.
Novos caminhos
O sucesso do trata mento melhorou tanto a vida da engenheira que ela resolveu investir em uma empresa de alimentos saudáveis, na realização de cursos de culinária natural e no trabalho de coaching para pessoas que sofrem com enxaqueca. “Por estar praticamente curada, muita gente começou a me mandar e-mails, alguns desesperados.”
Uma delas foi da analista processual Vanessa Assunção Sampaio, de 42 anos, que, após mudar o estilo de vida, afirma ter reduzido pela metade o consumo de remédios. “Tinha um diário no qual descrevia minha alimentação, quantas horas de sono dormia e a quantidade de dor. Com o tempo, comecei a perceber a relação disso nas minhas crises”, explica.
Segundo ela, a situação era tão grave que aprendeu a conviver com o medo de perder compromissos por causa da dor. Ao marcar seu casamento, por exemplo, sentiu medo de ter uma crise bem no dia. Antes da cerimônia, recorda, tomou algésicos para tentar evitar as dores.
“Meu pai também tinha e me dizia que não havia jeito. Insisti e fiz modificações porque não dava mais para viver daquele jeito. Hoje, minha rotina é completamente diferente”, conta Vanessa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.