Durante muito tempo, nos primórdios da navegação de turismo, o enjôo era a marca registrada das grandes travessias. Os franceses dão a esse fenômeno um nome curioso: ?mal de mer?. Provocava tanto estrago, mas tanto, que os passageiros embarcados não podiam ouvir falar em comida ou bebida. É tempo passado. Gastronomia de primeira, com vinhos e licores de altíssima qualidade, viraram atrativo de cruzeiros internacionais. Prepare-se então para uma excursão saborosa, a ?Enófilos ao mar?. Elaborado pela agência de turismo paulistana Prime Tour, oferecerá, a uma turma de privilegiados, a chance de assistir a palestras e participar de degustações de vinhos ao longo de uma viagem pela Europa. O navio será o Silver Wind, do grupo Silversea, um dos mais refinados e exclusivos do mundo. Com capacidade para apenas 296 passageiros, a embarcação tem 210 empregados. Há teatro, biblioteca, cassino, spa e apartamentos de luxo com até 122 metros quadrados. Alguns têm varanda, sala de estar, closet e até dois quartos com banheiros. Nos passeios em terra firme, na Itália, Espanha e França, nesta ordem, os turistas serão levados, em transporte de luxo, às regiões produtoras. Por essa esticadinha a mais, cada um deverá desembolsar cerca de 660 euros.

O Silver Wind zarpará de Mônaco dia 15 de maio. ?A escolha das vinícolas foi baseada no reconhecimento e na exclusividade de cada uma, além da proximidade dos portos?, explica o consultor de vinhos Renato Frascino, que acompanhará o grupo nas degustações. Ele cuidará também das palestras no oceano. ?Nelas poderemos encontrar os melhores representantes de cada região?, resume. Ao todo serão nove paradas. Ao descer em Livorno, na Itália, os enófilos serão levados a conhecer a mais tradicional vinícola da Toscana, a Biondi Santi, localizada em Montalcino. Do belíssimo porto de Barcelona, na Espanha, seguirão para a vinícola Clos Mogador, em voga por ser a nova tendência da região do Priorato. Por último, o grupo desembarca em Marselha, na França, para ir ao Chateau Vannières, na região de Provence, instalada num castelo medieval. ?Em todas elas o ponto forte são os vinhos tintos, secos e estruturados, mas cada um com sua peculiaridade?, diz Frascino. ?Os italianos, por exemplo, têm mais aroma de frutas vermelhas, enquanto os espanhóis parecem compotas de frutas pretas?. Em cada vinícola haverá tempo para uma degustação vertical. Ou seja, serão experimentadas safras de dez anos consecutivos.

O preço da garrafa desses vinhos pode variar entre US$ 100 e US$ 300. No Brasil, quem os importa é a Mistral, de São Paulo. Para as degustações na fonte, no cruzeiro de Baco, os amantes da bebida terão que desembolsar bem mais. A excursão custa a partir de US$ 4,4 mil por pessoa. Se a opção for pelos maiores e mais completos apartamentos, o preço chega a US$ 24,4 mil por pessoa, sem contar a parte aérea. É caro, sim, mas trata-se de um raríssimo passaporte rumo ao prazer.

GARRAFAS AO MAR
Três ótimos rótulos da excursão

BIONDI SANTI
É o melhor produtor de vinhos da Toscana, na Itália.

Principal uva: San Giovesi
Característica: aroma de frutas vermelhas e tabaco
US$ 67,50

CLOS MOGADOR
É a nova tendência na região da Catalunha, na Espanha

Principal uva: Grenache, Tentranillo
Característica: parece uma compota de frutas.
US$ 139,50

CHATEAU VANNIERES
Francês aclamado por autoridades em vinho, como Robert Parker. Também produz azeite

Principal uva: Grenache, Mourvedre, Cinsault
Característica: o sabor suave agrada tanto a iniciantes como a iniciados.
US$ 35,50