18/12/2025 - 13:38
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira, 18, que, enquanto for presidente, não irá privatizar os Correios. Ele afirmou não ter interesse em ter uma estatal deficitária, mas que, no máximo, poderia discutir parcerias com a iniciativa privada ou transformação em companhia de economia mista. As declarações ocorreram durante uma conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília.
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“Eu não tenho interesse em ter uma empresa estatal dando prejuízo. Até porque não acho que o povo brasileiro, que não tem nada a ver com aquela estatal, tem que ficar pagando prejuízo”, disse.
E completou: “Enquanto eu for presidente não tem privatização. O que pode ter é construção de parceria com empresas. Eu sei que tem empresas italianas querendo vir aqui discutir com os Correios”.
Lula afirmou que lamenta profundamente a crise nos Correios e que, por isso, mudou a gestão da empresa. Afirmou que vai fazer qualquer mudança necessária para melhorar a estatal, até fechar agências, por exemplo.
“Nós não podemos ter uma empresa pública, por mais importante que ela seja, dando prejuízo. Eu sempre digo que uma empresa pública não precisa ser a rainha do lucro, mas ela não pode ser a rainha do prejuízo. Ela tem que se equilibrar”, afirmou.
A crise dos Correios
Os Correios acumulam prejuízo de R$ 6,05 bilhões de janeiro a setembro deste ano e a empresa busca recursos para conseguir reequilibrar as contas. Desde 2022, o prejuízo da estatal chega a R$ 10 bilhões.
No início do mês, o Tesouro Nacional reprovou um empréstimo de R$ 20 bilhões, valor inicialmente pleiteado pela estatal, depois que cinco bancos cobraram juros de 136% do CDI na operação. O órgão entendeu que os juros teriam de ficar dentro do teto de 120% do CDI estabelecido pelo Comitê de Garantias do Tesouro.
Na última terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os Correios já enviaram uma nova proposta de empréstimo ao governo. A estatal busca um empréstimo com garantia da União para conseguir se reestruturar e voltar a registrar lucro em 2027, conforme meta estipulada pelo novo presidente, Emmanoel Schmidt Rondon.
Segundo apurou o Broadcast, Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander devem participar do negócio. Questionado sobre se o empréstimo será no valor de R$ 12 bilhões como tem circulado, Haddad respondeu: “Pode chegar a isso”.
Lula promete solução
O presidente declarou ainda que a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, já sabe que tem a missão de entregar os Correios recuperados e que há tempo para isso. “Nós vamos tomar as medidas que tiver que tomar, mudar todos os cargos que tiver que mudar, e a pessoa que está lá vai indicar as pessoas que tiverem competência para girar os Correios”, disse.
Segundo ele, a estatal reclamou da taxa das blusinhas, que isso teria custado R$ 1 bilhão à companhia, mas que o problema era gestão equivocada. Ele afirmou ainda que os Correios poderiam fazer parcerias com outras empresas ou se tornar de economia mista, mas descartou privatizações.
