10/03/2016 - 0:00
Com a diferença de apenas dois dias, os grupos franceses Casino e o Carrefour, donos das duas maiores redes de supermercados da Europa divulgaram seus balanços referentes a 2015. Com resultados muito diferentes. Enquanto o CEO Jean Charles Naouri, que controla no Brasil o GPA, com as bandeiras Pão de Açúcar, Extra, e Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio), era todo lamentações, seu colega Georges Plassat, chefão do Carrefour, tinha bons motivos para sorrir. Nos dois casos, o Brasil tem muito a ver com o humor dos dois executivos.
Com um faturamento global de € 44,1 bilhões, o Casino comunicou ao mercado, na quarta feira 9, prejuízos de € 43 milhões no ano passado (contra um lucro de € 253 milhões, em 2014). Segundo Naouri, esse desempenho negativo tem muito a ver com os negócios da subsidiária brasileira. “Os resultados foram primariamente afetados pela desaceleração econômica no Brasil e pelo impacto das taxas de câmbio”, afirmou em comunicado. A esses fatores, se agregam a inflação em alta, que corroeu a margem dos supermercados e a descoberta de uma fraude milionária no comércio eletrônico do grupo.
No entanto, excetuada a fraude, o mesmo cenário foi enfrentado, com maior sucesso por seu principal concorrente. De acordo com Plassat, a vendas no Brasil e na Argentina aumentaram 15,7%, atingindo € 14,29 bilhões, um ano de franca expansão das atividades. “Foi um ano excelente mesmo num ambiente difícil”, afirmou Plassat, que assumiu o comando do Carrefour, em 2012, em meio a uma crise sem precedentes em sua história, promovendo uma ampla reestruturação, com a venda de ativos em vários países. Passadas as dificuldades dos primeiros anos, o grupo voltou a ampliar seus negócios.
Em 2015, foram abertas 33 lojas, entre elas 17 no formato Express, 12 lojas do Atacadão, de autosserviço, e um hipermercado. Graças ao aporte das operações da América Latina, o Carrefour fechou o ano com um faturamento de € 77 bilhões e, o que é mais importante, com um lucro de € 980 milhões na última linha do balanço. Por conta desses resultados, Plassat já separou € 2,5 bilhões para investimentos ao longo de 2016.
Além de Plassat, um outro personagem tem bons motivos para comemorar. Trata-se do empresário Abilio Diniz, que depois de ser afastado do GPA, em 2013, associou-se ao arqui-rival do Casino, adquirindo 12% do capital do Carrefour no País, através de sua empresa de investimentos, a Península. Coincidência ou não, desde que se desligou do grupo fundado por seu pai, o falecido empresário Valentim dos Santos Diniz, os números do GPA foram definhando. O grupo ainda permanece na liderança na venda de alimentos e eletrodomésticos, mas sem o mesmo brilho. À época do desembarque de Diniz, em março de 2003, o valor de mercado do GPA era de R$ 26,8 bilhões, com as ações cotadas a R$ 102. Três anos depois, a companhia vale a metade na Bolsa de Valores, e seus papéis são vendidos em torno de R$ 46.