23/11/2021 - 14:02
Os primeiros testes de uma vacina contra a covid-19 que aposta em um tipo diferente de imunidade em relação aos imunizantes clássicos apresentaram resultados promissores, diz um estudo publicado nesta terça-feira (23) na revista científica Nature.
Os ensaios de fase 1 do projeto de vacina contra o coronavírus denominado CoVac-1, realizados na Alemanha, mostraram uma resposta imunológica relacionada com os linfócitos T, segundo a pesquisa.
Os linfócitos T são um tipo de glóbulo branco, responsáveis pela segunda etapa da resposta imunológica, a imunidade celular, que completa a ação dos anticorpos através do ataque direto às células infectadas, e não somente contra os vírus que circulam no organismo.
Para a primeira avaliação clínica desta vacina participaram 36 pessoas de 18 a 80 anos de idade, que receberam uma só dose do imunizante experimental.
A CoVac-1 tem como objetivo provocar uma imunidade duradoura contra o SARS-CoV2, produzida através dos linfócitos T, para reproduzir, na medida do possível, a imunidade adquirida através de uma infecção natural.
Esta imunidade induzida pelas células T é uma “resposta importante para o controle dos vírus e poderia ser utilizada para as pessoas com imunodeficiência”, segundo o artigo da Nature.
Todos os participantes mostraram uma reação “específica” ao SARS-CoV2 através dos linfócitos T “28 dias depois da vacina, uma reação que persistiu durante ao menos três meses”.
Essa resposta superou a provocada pela infecção natural de coronavírus. E não foi “alterada” por nenhuma variante atual (alfa, beta, gama e delta).
Esses resultados são, contudo, muito embrionários e somente testes mais amplos poderão confirmar a viabilidade real desta vacina para proteger contra a covid-19.
Uma vacina clássica provoca no corpo humano a criação de anticorpos após a inoculação de um vírus. Os linfócitos T permitem uma resposta potencialmente mais ampla, mas seu papel na luta contra a covid-19 ainda é pouco conhecido.
Em todo caso, eles podem ser uma ajuda decisiva para os pacientes com câncer que não conseguem desenvolver uma imunidade clássica, diz o estudo.
Além disso, as células T podem facilitar “a produção de anticorpos protetores através das células B”, que são outro tipo de glóbulo branco, lembra o artigo publicado na Nature.