12/05/2022 - 8:48
Pouco mais de três anos após o início do isolamento social no Brasil como medida de controle da pandemia da Covid-19, a vida parece ter voltado ao ritmo de antes. O trânsito nas grandes cidades, os centros econômicos repletos de profissionais em circulação e restaurantes lotados no almoço. Essas cenas já comuns novamente são indícios de que o tão aclamado novo normal em que o trabalho migraria para um modelo híbrido já ficou no passado. Mas a imagem não reflete o conflito que acontece nos bastidores com alguns trabalhadores reclamando os direitos de permanecer em trabalho remoto e as empresas pressionando pela volta ao presencial.
Os motivos que estão levando as corporações a exigir a volta de funcionários aparecem maquiados de preocupações sociais. Em um estudo conduzido pela Society for Human Resource Management (SHRM), 70% de pessoas que lideram equipes disseram que os trabalhadores remotos são “mais facilmente substituíveis do que trabalhadores presenciais”. Outros 62% afirmam que “o trabalho remoto totalmente integral é prejudicial para a carreira e objetivos dos funcionários”. Mas é difícil não pensar que o antigo padrão encaixa melhor no ainda usual modelo de liderança baseado no comando e controle.
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Já do lado dos trabalhadores, os argumentos para defender a permanência do home office são os mais variados. Vão desde a preocupação com a saúde mental até o preço dos combustíveis. Em pesquisa realizada pela McKinsey, 36% dos entrevistados que já voltaram ao trabalho afirmaram ter sentido efeitos negativos à saúde mental ao retornar ao escritório. Já de acordo com os resultados de um levantamento feito pela OnePoll e conduzida pela Citrix Systems, 54% dos brasileiros desejam continuar trabalhando em casa a fim de evitar os altos custos de locomoção.
Se no passado era possível prever o vencedor dessa batalha, nos tempos atuais o jogo está mudando. Em uma carta aos acionistas divulgada em abril, o chefe do JPMorgan, Jamie Dimon, afirmou que a volta total dos funcionários aos escritórios pode ser mais lenta do que o esperado. E o motivo é, simplesmente, porque os funcionários estão querendo assim. Dimon é só um executivo, mas como comanda o maior banco dos Estados Unidos, sua posição ganha dimensões de um setor inteiro. E logo o do mercado de capitais. É exatamente por isso que a esperança de que um novo normal possa prevalecer ainda existe.