18/03/2022 - 21:12
A inflação dos alimentos compromete o poder de compra dos brasileiros e dificulta cada vez mais o acesso à cesta básica. Estudo da PUC-PR indica que a inflação dos alimentos chegou a 12,67% no acumulado de 12 meses até fevereiro deste ano e voltou a superar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 10,54% no mesmo período, o que não acontecia desde outubro de 2021.
Em fevereiro deste ano, a inflação da cesta básica, medida pela variação no preço de 13 alimentos que a compõem, atingiu 2,02%, o dobro do IPCA registrado no mês, de 1,01%. Os maiores aumentos de preços registrados foram da batata inglesa (23,49%) e do feijão (4,77%).
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Além da carne bovina, os consumidores brasileiros começam a enfrentar uma alta nos preços dos frangos e dos suínos, na esteira da invasão russa sobre a Ucrânia. A guerra afeta o preço dos combustíveis, o que impacta em toda a cadeia logística dos alimentos, e também no preço dos grãos que servem de ração à pecuária, como milho, soja e trigo.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) calculou que o Índice de Custo de Produção do Frango (ICP-Frango) atingiu 439,2 em fevereiro, maior patamar dos últimos 12 anos. Já o ICP-Suíno foi de 437,07, o maior dos últimos 12 meses.
Apesar do aumento, os impactos do conflito no leste europeu devem aprofundar-se a partir de março.
Salário Mínimo e cesta básica
O custo da cesta básica aumentou em fevereiro em 17 capitais, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As maiores altas foram verificadas em Porto Alegre (3,4%), Campo Grande (2,78%) e Goiânia (2,59%).
A cesta básica mais cara é de São Paulo (R$ 715,65), seguido por Florianópolis (R$ 707,56) e Rio de Janeiro (R$ 697,37).
Segundo o Dieese, a defasagem entre o valor real e o necessário ao consumidor brasileiro é de quase cinco vezes. O órgão afirma que o salário mínimo atual, fixado em R$ 1.212, deveria estar em R$ 6.012,18 para atender às necessidades básicas do cidadão.
O órgão indica que uma cesta básica, com desconto de 7,5% à Previdência Social, compromete até 56,11% de um salário mínimo – em janeiro, a porcentagem foi de 55,20%.
A precariedade da renda mínima brasileira foi observada em dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Banco Mundial. Estudo afirma que o salário mínimo médio no Brasil é de US$ 2,2 por hora, o que deixa o Brasil atrás de Chile (US$ 3,3) e Colômbia (US$ 2,9).
A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia elevou nesta quinta-feira (17) a estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 4,25% para 6,7%, o que daria um salário mínimo de R$ 1.293 em 2023, aumento de R$ 81. O Ministério da Economia calcula que, a cada R$ 1 de aumento no mínimo, são gastos R$ 365 milhões.