07/10/2021 - 8:00
Valdir Greter, empresário, 68 anos; Genival Miguel de Mello, 63, agricultor; Fábio Castro, 42, operário da construção civil; Valter Aparecido Balbo, 56, construtor; Gilson Marques de Souza, 55 anos, e Valdeilson da Conceição Santos, 32 anos, ambos brigadistas. O que essas pessoas têm em comum? Todos foram vítimas fatais de um fenômeno natural (até hoje) raro no Brasil que tem origem na mudança climática: as nuvens de poeira ou os haboobs.
Comuns nas savanas africanas pelas condições geoclimáticas naturais de lá, os haboobs são formados pela combinação de poeira acumulada no chão durante longos períodos de estiagem com o surgimento de fortes ventos que precedem a volta de temporais. Nas últimas semanas se tornaram comuns por aqui. Seu surgimento assustou os moradores de Minas Gerais, São Paulo e de cidades do Sul do País. E os meteorologistas já são taxativos em dizer que devem ser mais e mais frequentes nas cidades brasileiras.
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A culpa é do homem. Ou, para ser mais preciso, de sua ação na natureza e o ciclo perverso que se cria a partir daí. Ao desmatar a Amazônia, o homem prejudica a formação dos rios voadores que levam a umidade da floresta para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País. A consequência é a redução na formação de chuvas, o aumento das temperaturas, a diminuição dos reservatórios de água e mais seca. Com a estiagem, aumentam os casos de incêndios, os haboobs e as mortes. Mais uma triste estatística na realidade brasileira.
Essa última resultado de outra que o brasileiro já conhece bem e que vale lembrar: somente este ano mais de 390 milhões de árvores da Amazônia foram derrubadas, isso representa 6,4 mil km² desmatados de janeiro a outubro. No total do ano passado foram outros 7,3 mil km², segundo o site Plenamata.org. Se a conta for de 1988 – início do monitoramento pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – até hoje, cerca de 729 mil km² já foram desmatados, o que corresponde a 17% da área total do bioma.
Diante das evidências chega a ser desumano defender que as mudanças climáticas não existam. Mas Brasília segue dando as costas para o assunto e até agora nenhuma palavra de consolo ou de providência diante de mais brasileiros cujas mortes poderiam ter sido evitadas.