A China finalmente liberou a entrada, em seu território, da carne bovina brasileira, com certificação sanitária anterior ao dia 4 de setembro. É a data em que foram confirmados dois casos atípicos da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) por aqui, popularmente conhecida como “doença da vaca louca”, e imediatamente o Brasil suspendeu suas vendas da commodity para o país asiático. Além de tratar de resolver o imbróglio sanitário. Já caminhávamos para três meses dessa interrupção, que para muita gente aqui no País não fazia sentido.

China aceita carne do Brasil aprovada antes de embargo; ministra antevê retomada

É claro que há protocolos assumidos entre os dois parceiros comerciais, e que devem ser cumpridos, mas é de se questionar as motivações por parte dos chineses de prolongar a decisão de manter o veto à carne bovina brasileira por tanto tempo. Até mesmo a OIE, a Organização Mundial de Saúde Animal, já havia confirmado a manutenção do status de “risco insignificante” para a EEB após o anúncio aqueles dois casos. E agora ainda é preciso que as autoridades do lado de cá continuem trabalhando pela liberação das exportações daqui para a frente.

O Brasil dispõe de outros mercados compradores que vem conquistando ano a ano, mas a forma como os chineses têm influenciado a cadeia pecuária nacional é muito impactante. Assim que a China passou a comprar nossa carne bovina, em outubro de 2019, deu mais fôlego ao setor, que vinha de uma queda nas exportações no mês anterior, e logo inflou as cotações do boi gordo. Foi uma celebração coletiva quando a arroba passou de R$ 160, no dia 16 de outubro, e pouco mais de uma semana depois já chegava a R$ 230.

Surgiu até um novo padrão de animal para exportação, o “boi-chinês”, um gado precoce, criado em sistema de produção intensivo e com idade de até 30 meses. Não por acaso, os chineses chegaram a responder por cerca de 40% das vendas de carne bovina do Brasil. Sendo a potência que é em produção – tanto em volume quando em qualidade – e em exportação dessa proteína, essas questões bem que poderiam ser solucionadas com mais rapidez. Afinal, ao menos no que diz respeito à barreiras sanitárias, a pecuária nacional tem superado alguns bons desafios ao longo de sua história mais recente, inclusive lidando com questões que parecem ir além das justificativas colocadas à mesa.