Nos últimos anos o Brasil assumiu o posto de um dos maiores fornecedores de alimentos para o mundo. Não é à toa que o agronegócio hoje já é responsável por quase 30% do Produto Interno Bruno (PIB). Mas nada acontece por acaso. Por traz dessa disparada da produção agrícola está a inovação e o intenso uso de novas tecnologias, que vem permeando todo o setor agrícola no País, desde as lavouras até a multiplicação de soluções no mercado de capitais para financiar o segmento.

Na base de tudo isso estão as 1.703 startups existentes atualmente no agronegócio, um número 10% acima do registrado no ano passado, quando chegou a 1.547. Os dados fazem parte da última edição do Radar Agtech Brasil 2022, que mapeou as startups do agronegócio em conjunto pela Embrapa, SPVentures e Homo Ludens Research and Consulting, com apoio da plataforma Distrito e do Sebrae.

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Em 2019, o levantamento apontava a existência de 1.125 startups, o que totaliza um crescimento de mais de 51% no número dessas novatas pensando em melhorias para o agro em apenas quatro anos. E os setores são os mais diversos possíveis como mostra a pesquisa.  A maior parte inclui fintechs que aproximam a Faria Lima do campo, levando mais crédito aos produtores. Outro segmento que recebe bastante atenção são os marketplaces que negociam de tudo e também trazem soluções de financiamento. Mas há também as climatechs que usam a tecnologia para repensar as formas de produção levando em consideração as questões climáticas. E não faltam também empresas empenhadas em repensar o uso de defensivos investindo nos controles biológicos.

Segundo a Embrapa, nas últimas décadas o Brasil tem assumido um protagonismo muito grande na produção de alimentos e a inovação e a ciência serão os pilares fundamentais que permitirão aos produtores brasileiros ampliar a produtividade mantendo a sustentabilidade. Por isso, a evolução desse ecossistema inovador é fundamental, exigindo não só a participação ativa das agtechs, mas também de investidores dispostos a fomentar avanços.

Dessa forma, crescem em todo o mundo os investimentos em startups agrícolas, que já atingiram a marca de US$ 51,7 bilhões em 2021, valor 85% maior que o registrado em 2020, de US$ 27,8 bilhões. No Brasil, os aportes também vêm num ritmo crescente. Mas o volume de recursos recebidos coloca o País em sexto lugar no ranking global de investimentos do setor, totalizando US$ 1,3 bilhão, segundo o estudo Radar Agtech Brasil 2022. O país que mais investiu foram os Estados Unidos, com US$ 21 bilhões, seguido pela China com US$ 7,3 bilhões. Apesar das dificuldades, dada as condições econômicas mundiais, com inflação e aumento de taxas de juros, este ano já pode ser considerado um dos anos mais prósperos da série histórica.

Das 1.703 agtechs listadas, 242 atuam em áreas como crédito rural, seguros, crédito de carbono entre outros produtos considerados anteriores à produção. Outras 705 startups oferecem soluções para a fazenda propriamente dita, como sistemas de gestão e base de dados. As 756 restantes atuam da porteira para fora, com inovações alimentares, marketplaces e plataformas de negociação. Mais de 60% dessas empresas estão concentradas na região Sudeste. Nesta edição, a Radar Agtech também detectou a atuação das mulheres na inovação do agronegócio, indicando que 520 das 1.703 empresas estão em mãos femininas, o equivalente a 30%.