02/12/2021 - 8:30
O estudo “The Sustainability Board Report 2021”, divulgado pela Universidade Harvard na última semana de novembro, traz uma correlação interessante entre a agenda ESG (ambiental, social e de governança) e gênero. Ao estudar o board das 100 maiores empresas de capital aberto do mundo, os pesquisadores detectaram que o percentual de mulheres executivas engajadas com a agenda é maior do que nos seus pares homens: 52% contra 36%.
Como justificativa, usam análise da professora de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Edimburgo, Rachel Howell. “As mulheres têm níveis mais elevados de socialização para se preocupar com os outros e são socialmente responsáveis, o que as leva a se preocupar com os problemas ambientais”, afirmou Rachel. A análise possivelmente está correta, mas da forma como foi expressa reforça o antigo entendimento de que atitudes responsáveis dos pontos de vista ambiental e social têm mais relação com empatia do que com negócios. Nada mais ultrapassado.
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Somente no Brasil, os fundos ESG somaram mais de US$ 78 bilhões no intervalo de 1º de janeiro a 4 novembro deste ano, crescimento de 200% em relação ao volume dos doze meses completos de 2019. Com pormenor relevante: o volume só representa 5% do total de fundos brasileiros. Esse porcentual sobe para 33% nos Estados Unidos e para 41,6% na Europa. Dados da Global Sustainable Investment Alliance (GSIA). ESG é portanto acesso ao mercado de capitais, além de ser também uma já comprovada demanda em ascensão entre os consumidores.
Membros da alta diretoria, sejam homens ou mulheres, que ainda não se engajaram na agenda estão cometendo um erro histórico que certamente terá impacto em suas carreiras, mas principalmente nas empresas para as quais trabalham. A prova está no mesmo estudo de Harvard. Dados apontam que somente 52% das empresas avaliadas – e elas são as 100 maiores de capital aberto no mundo – possuem um comitê dedicado à sustentabilidade conectado ao Conselho, e apenas 40% dos diretores que compõem os comitês ESG têm consciência ESG. Ou seja, 60% participam de discussões sobre as quais possivelmente têm pouco a acrescentar.
Diante das descobertas não é de se estranhar que muitas das ações divulgadas pelas companhias como supostamente alinhadas aos princípios sustentáveis não passam de marketing para ganhar publicidade gratuita. A questão é que essa conta um dia chegará para a empresa, funcionários e para o planeta.