No Brasil, funciona assim: de dois em dois anos, no primeiro domingo de outubro, o País escolhe representantes da República. Para a eleição de presidente, governador, prefeito e senador, utiliza-se o sistema de maioria simples. Para deputados federais e estaduais e vereadores, considera-se a lógica de representação proporcional segundo o partido do candidato. No caso dos cargos executivos, se nenhum candidato obtiver metade dos votos, a votação segue para o segundo turno. As eleições, nesse molde, foram realizadas pela primeira vez no alinhamento da Constituição de 1988 – o que já forneceu tempo considerável para os brasileiros se acostumarem com o sistema eleitoral de hoje em dia.

Em outros países, entretanto, as regras podem variar sensivelmente. Nos Estados Unidos, por exemplo, o candidato que receber a maioria dos sufrágios não necessariamente será o novo presidente. Mesmo entre as nações democráticas, existem diferenças entre os métodos de contagem de votos e o sistema representativo (presidencialismo, parlamentarismo e monarquia). Veja, abaixo, como funcionam as eleições de cinco outras democracias ao redor do mundo.

1- Estados Unidos
Na terra do Tio Sam, o presidente e o vice-presidente não são eleitos por voto direto. Pontualmente, na terça-feira de novembro de cada ano bissexto e depois de nove meses de campanha, mais de 200 milhões vão às urnas eleger representantes para cada um dos 50 Estados da Federação. Cerca de um mês depois, esses representantes estatais, chamados “Delegados” do colégio eleitoral dos Estados Unidos da América, escolhem o chefe de Estado. Na prática, a população não elege diretamente o presidente. Os americanos, na verdade, elegem 583 representantes para, entre eles, escolherem, de maneira direta, quem será o novo presidente do país. É por isso que o candidato mais votado pode não ser o novo chefe de estado dos yankees. Controverso, esse sistema frequentemente causa confusão na apuração final dos votos, pois cada Estado é responsável por seu próprio código eleitoral.

2 – Reino Unido
O Reino Unido possui um sistema político monárquico parlamentarista – modelo bastante distinto do Brasil, que é uma república presidencialista. Na terra da rainha, o primeiro-ministro é indicado pelo partido que obtiver a maioria absoluta dos 650 deputados da Câmara dos Comuns (equivalente à nossa Câmara dos Deputados) do Parlamento. Cada deputado é eleito por um distrito. O país tem um sistema multipartidário, mas tradicionalmente os partidos Conservador e Trabalhista se alternam no poder. O terceiro maior grupo é o Liberal-Democrata. Complexo, o sistema político britânico tem sua origem no século 17, época em que a burguesia retirou o poder da nobreza. O primeiro-ministro, cargo hoje ocupado por David Cameron, do Partido Conservador, vive e trabalha numa casa sem luxo em Londres. Todo o requinte fica reservado à rainha, que possui um cargo meramente simbólico na monarquia britânica.

3 – França
Depois de tantas reviravoltas na história dos chefes de Estado franceses – eles já estão na quinta república! – as eleições na França se tornaram bastante simples. Todos os cidadãos com mais de 18 anos podem votar. Se um candidato obtém a maioria absoluta dos votos válidos, é eleito no primeiro turno – fato que jamais ocorreu na história da Quinta República, que começou em 1958. O segundo turno se dá exatamente duas semanas depois entre os dois candidatos mais bem votados anteriormente. O presidente governa por cinco anos e pode cumprir apenas dois mandatos consecutivos. O sufrágio, diferentemente do Brasil, não é obrigatório.

4 – Argentina
Nossos hermanos têm o processo eleitoral bastante similar ao nosso. A cada quatro anos, os argentinos votam para escolher as autoridades federais, como presidente, vice-presidente, senadores e deputados. De dois em dois anos, acontecem as eleições “provinciales”, que elegem os poderes executivo e legislativo de cada província, sob a mesma lógica brasileira, de representação proporcional segundo o partido do candidato. O voto é secreto, universal e obrigatório para os cidadãos entre 18 e 70 anos. Desde 2002, o sufrágio de argentinos com idade entre 16 e 18 é opcional.

5 – Japão
O Estado japonês é, atualmente, uma monarquia constitucional com regime parlamentar democrático. O primeiro-ministro do Japão é escolhido pelo seu parlamento, conhecido como a Dieta, que tem duas câmaras: a dos Deputados, eleitos localmente, e a dos Conselheiros, eleitos pelas províncias. O primeiro-ministro é o membro da Dieta que recebeu mais votos e que represente seu partido. Há seis grandes partidos políticos no país. O Liberal Democrata esteve no poder ininterruptamente desde 1955. Com a vitória do Democrático em 2009, o arquipélago com o maior PIB do mundo rompeu uma continuidade partidária de mais de 50 anos. O Japão também tem um Imperador, mas, desde a Segunda Guerra Mundial, seu poder é apenas simbólico. Akihito, o 125º Imperador do Japão, representa atualmente a monarquia ininterrupta mais antiga do mundo.