27/02/2022 - 8:02
A comunidade internacional foi surpreendida na madrugada (no Brasil) da quinta-feira (24) com a ordem do presidente russo, Vladimir Putin, de invadir a vizinha Ucrânia. A invasão ocorreu após semanas de tensão, que começou com a aproximação entre a Ucrânia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). As exigências russas para o fim do conflito incluíam uma declaração de que a Ucrânia nunca se aliaria à Otan e o recuo das tropas da aliança militar.
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O presidente americano, Joseph Biden, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e outras lideranças europeias anunciaram várias sanções contra a Rússia. Biden disse também que a Rússia não poderá negociar em dólares, euros e ienes, para sufocar a indústria e os bancos russos.
Veja como os mercados reagiram:
-O Vix Index, que mede a volatilidade esperada do mercado e é conhecido como “índice do medo” subiu mais de 20%, maior nível de tensão desde setembro de 2020;
-As bolsas despencaram. Em Moscou, a queda chegou a 50% e o rublo atingiu a mínima histórica. As ações caíram em Nova York, mas se recuperaram após o discurso de Biden;
-As commodities dispararam. O petróleo chegou a US$ 105, maior patamar nos últimos sete anos;
-A crise energética na Europa pode se agravar, pois a Rússia fornece 1/3 do gás natural consumido na região.
O maior impacto direto para o Brasil seria um aumento da pressão inflacionária, principalmente nos preços dos combustíveis e dos alimentos. A Rússia é uma das principais produtoras e exportadoras de petróleo e de trigo, respondendo por 20% das exportações globais. Possíveis sanções podem elevar os já elevados preços ainda mais no mercado internacional. Além disso, o Brasil importa insumos russos para produzir fertilizantes, e as sanções serão danosas para o agronegócio.
Outras consequências seriam:
-A aversão ao risco pelos investidores pode direcionar recursos para economias mais seguras, drenando capital de países emergentes como o Brasil;
-A B3 pode cair pois as ações de commodities serão insuficientes para sustentar o índice e o dólar pode voltar a se apreciar em relação ao real;
-A alta da inflação no Brasil e nos demais países fará os bancos centrais elevarem os juros, dificultando o crescimento econômico;
O que esperar?
Há muita incerteza do que pode ocorrer, pois as sanções contra a Rússia ainda não foram definidas. Os movimentos russos foram bem pensados para proteger sua economia e manter o avanço militar mesmo com sanções. O respaldo chinês é muito importante.
A resposta dos mercados surpreendeu. Depois do susto inicial, as bolsas no Brasil e nos Estados Unidos se recuperaram durante a quinta-feira. Isso ocorreu porque parte do risco do conflito já estava precificada nos ativos.
É razoável inferir esperar alguma pressão sobre a inflação no mundo via preços de energia e alguma desaceleração na atividade econômica. Crise humanitária à parte, se o conflito permanecer restrito à região, ele poderá ser absorvido pelos mercados sem maiores impactos.