Uma semana é tempo suficiente para que muita coisa aconteça. Apenas na semana passada tivemos a queda do presidente da Petrobras e do ministro da Educação, seguida de uma reforma ministerial para que aliados de Jair Bolsonaro possam se candidatar nas próximas eleições. Ainda na corrida eleitoral, o agora ex-governador de São Paulo João Doria anunciou sua desistência do pleito e depois voltou atrás, movimento seguido por Sérgio Moro, que trocou de partido menos de quatro meses após ter se filiado. Sem contar o tapa na cara dado por Will Smith em Chris Rock na cerimônia do Oscar e, antes que  o assunto esfriasse, a decisão de Smith de renunciar ao prêmio recebido da Academia de Hollywood. E houve tempo de outro ator, Bruce Willis, anunciar o fim da carreira por um problema de saúde, a afasia. Nos sete dias da semana há 10.080 minutos. Será que não dá para dedicar ao menos 150 deles à prática de exercícios físicos?

Essa é a pergunta que se coloca despois que cientistas anunciaram o desenvolvimento de uma “pílula do exercício”, capaz de reproduzir uma proteína benéfica à saúde que é liberada em maior quantidade no organismo depois de se praticar atividade física. Apesar de ainda estar em desenvolvimento, a expectativa é que seja usada por cardíacos e por sedentários, que não praticam os 150 minutos semanais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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As dúvidas não se limitam a quando ela vai estar disponível e será acessível a todos. Essa pílula traz embutido algo semelhante à cama inteligente que se arruma sozinha (isso já existe, sabia?) e pode levar a outra questão: a possibilidade de substituir por completo as atividades que fazem tão bem à saúde não criaria ainda mais sedentarismo? Se a cama que se autoarruma parece coisa de preguiçoso, é bom lembrar que há pessoas com dificuldades motoras para quem esse equipamento pode fazer considerável diferença. Mas esse grupo é pequeno e nem todos têm acesso a algo tão sofisticado. Já caminhar, correr, jogar bola, fazer ioga, nadar, pedalar… tudo isso é bom e pode ser praticado pela imensa maioria das pessoas. O problema que muitos alegam para não praticar esportes é quase sempre o mesmo: a falta de tempo. Será que isso é real? Segundo a Organização Mundial da Saúde bastam 150 minutos semanais, que significam 22 minutos por dia, para obter os benefícios da atividade física.

Em 2018, a OMS apresentou um plano de ação global com a meta de reduzir os níveis de inatividade de adultos e adolescentes a 15% até 2030. O plano aponta o prejuízo bilionário decorrente da inatividade e observa que a prática gera benefícios à saúde, sociais e econômicos. Reforça a necessidade de que os ambientes favoreçam a prática de atividade física e as formas de locomoção que dispensam carro.

Ao apoiar o lançamento do Guia de Atividade Física para a População Brasileira no ano passado, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) ressaltou a importância da atividade física regular para prevenir e controlar doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer. Também para diminuir os sintomas de depressão e ansiedade, reduzir o declínio cognitivo, melhorar a memória e exercitar a saúde do cérebro, observando a estimativa de que até 5 milhões de mortes por ano no mundo poderiam ser evitadas se a população global fosse mais ativa.