A ideia de criar uma meta de reservas internacionais a 18 dias da eleição revela que é forte a vontade de mostrar que tudo vai bem na economia e os brasileiros podem voltar a sonhar com as viagens à Disney e com menos impacto da cotação do dólar sobre a inflação.

Na equipe econômica, há quem diga que o real merece estar 20% acima da atual taxa de conversão frente ao dólar. Robin Brooks, economista-chefe do IIF (Institute of International Finance), fala em 10%. O movimento de lançar essa polêmica ideia neste momento tem indisfarçável viés eleitoral e provoca muita especulação.

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Uma piada contada em reunião de banqueiros centrais ficou famosa. Pergunta-se para que serve o câmbio. Qualificados comandantes de políticas monetárias respondem com jargões, mas o autor da pergunta diz que ele serve para deixar os economistas mais humildes.

No Brasil, as reservas internacionais provaram sua eficácia em vários momentos de crise e ataque ao real. Quem ouviu a proposta de criar meta de reservas para deixar o câmbio menos volátil questionou por que a ideia não foi lançada em 2019.

Além disso, a conjuntura global de inflação e recessão parece não permitir esse luxo. A guerra na Ucrânia começou em fevereiro e todos os analistas que arriscaram um palpite passaram vergonha.

A ideia da meta para reservas internacionais parece voluntarismo que pretende melhorar a percepção dos eleitores, mas que, na prática, vai provocar mais instabilidade.

O Banco Central informa que havia US$ 336,48 bilhões em reservas em 13 de setembro de 2022. São ativos em moeda estrangeira e funcionam como proteção para choques externos como, por exemplo, crises cambiais e interrupções nos fluxos de capital.

Como o Brasil adota o regime de câmbio flutuante, as reservas reduzem o impacto de movimentos bruscos do real em relação ao dólar, o que dá mais previsibilidade para o mercado.

Segurança, liquidez e rentabilidade são os requisitos da política de investimentos definida pelos diretores do Banco Central para a gestão das reservas internacionais.