Em duas semanas haverá a próxima reunião do Federal Open Market Committee (Fomc), equivalente americano do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil. Será uma reunião bastante esperada pelo mercado. Nela, os 12 diretores regionais do Federal Reserve (Fed), o banco central americano e mais alguns participantes terão de tomar duas decisões difíceis, controversas e com efeitos drásticos sobre a economia mundial.

A primeira decisão é se os juros nos Estados Unidos vão começar a subir mais depressa do que o esperado. A segunda decisão será como, e em qual velocidade, o Fed vai tirar dinheiro da economia, para desacelerar o ritmo da atividade econômica.

Bullard, do Fed, quer os juros em até 3,5% ao fim do ano

Para conter os efeitos negativos da pandemia, o Fed fez duas coisas. Além de zerar as taxas, ele começou a injetar dinheiro nos bancos, comprando US$ 120 bilhões por mês em títulos públicos e imobiliários. Isso fez com que a carteira de títulos do Fed, conhecida como seu balanço, inflasse de US$ 4,7 trilhões no início da pandemia para quase US$ 9 trilhões.

Juros tão baixos e tanto dinheiro em circulação na economia fizeram a inflação nos Estados Unidos disparar. A inflação acumulada em 12 meses avançou 8,5% em março, o nível mais alto desde 1981, e muito acima da meta do Fed, que é de 2% ao ano. Era preciso corrigir essa distorção, mas com calma. Uma mudança de direção muito abrupta poderia provocar uma crise profunda na economia. Daí o cuidado do Fed.

Em outubro de 2021, Jerome Powell, presidente do Fed, começou a falar do fim da compra de títulos, que só se encerrou em março deste ano. Nesta reunião, o Fed elevou os juros pela primeira vez desde 2019 e fez as taxas referenciais subir 0,25 ponto percentual. Desde abril de 2020 os juros estavam em zero para conter a pandemia.

Com isso, vários diretores do Fed passaram a defender um ajuste mais rápido e intenso. Na segunda-feira (18), James Bullard, diretor do Fed regional de Saint Louis, voltou a defender o aumento dos juros para 3,5% ao ano. Segundo Bullard, a inflação está “alta demais”. E ele advoga que é necessário chegar a uma política monetária neutra, em vez de estimular a economia, como o Fed vem fazendo desde o início da pandemia.

Mesmo com os ajustes, porém, Bullard disse esperar que o crescimento econômico não desacelere demais. Ele avalia que a economia americana não deverá entrar em recessão e a taxa de desemprego, agora em 3,6%, provavelmente cairá para menos de 3% neste ano.

Bullard disse que também quer iniciar a redução do balanço do Fed em uma próxima reunião, embora tenha dito não ver necessidade de começar a vender títulos, a menos que a inflação não recue como o banco central espera.

O Fed elevou sua taxa básica de juros para 0,25% ao ano, e as previsões divulgadas na época mostraram que o plano era fazer a taxa subir para 1,75% até o fim de 2022. A estratégia descrita por Bullard exigiria aumentos de 0,50 ponto percentual em todas as seis reuniões do Fed marcadas para 2022, o dobro do aumento esperado. O caminho mais provável está entre esses dois cenários. No mercado futuro de juros, as projeções são de juros entre 2,5% e 2,75% no fim do ano.

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